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A Prática das Transversalidades

ilustrações filosóficas

Instituto Packter

1, 2, 3 de outubro de  2021

 

Pedro, o faroleiro, subiu os degraus até o cimo do farol. Cuidadosamente abriu as cortinas que resguardam os instrumentos óticos e verificou a robusta lâmpada incandescente. Observou as delicadas lentes de Fresnel, parte da fiação, o motor e as delicadas engrenagens; a manivela que regula o ângulo e o movimento giratório. Do alto da torre Pedro avistou o encordoamento de flores pelos rochedos, a praia, o mar mais adiante, e então o horizonte longínquo.

Pedro  constatou deslocamentos nos bancos de areia para perto dos recifes. Remaria em seu bote até as boias luminosas, ajustaria os sinais náuticos e conferiria os sedimentos de sustentação junto às pedras e cascalhos durante a tarde.

Pedro habituara-se a perscrutar o mar, os caminhos dos nevoeiros, as rotas das embarcações, o sentido dos ventos, a luminosidade do céu de estrelas, que considerava infinitos quando jovem.

O tempo então passou; passou, passou.

Muitos meses e anos depois, Pedro um dia notou que o mar encolheu. Semanas depois as estrelas estavam mais próximas, ao alcance das lentes de cristais do farol. Um mês passou e Pedro teve a impressão de que os barcos eram sempre os mesmos, nos lugares de sempre, tudo ordenadamente preciso.

Com o tempo, Pedro acionava os motores a diesel do farol e os desligava, mas não sentia estar fazendo isso. Olhava os barcos, as estrelas, o mar e cada vez menos via.

O tempo seguiu girando seus ponteiros. Muitos anos.

Muitos anos então, e seu amigo Paulo, homem velho do mar, veio um dia fazer uma visita a Pedro. Deixou o barco na marina perto do farol. Foi ter com o amigo e conversou sobre airosos e coloridos cardumes à leste dos penedos, contou da lua que iluminou as fragas do oeste encontrando à metade do caminho a luz do farol. Paulo falou da beleza da maré no outono e das flores na aldeia da ilha. Tomaram rum e assaram umas batatas na brasa. Ouviram música. Paulo olhou para o céu, agradeceu, convidou Pedro a caminhar pelas águas na proximidade das areias.  Pedro, que esquecera como se anda sobre as águas, algo muito singelo para faroleiros antigos, chorou. Chorou porque se recordou como se faz andar sobre as águas. E com isso ele viu subitamente que era noite, que o farol iluminava a enseada e passava sereno sobre as ondas, notou o perfume das estrelas, a canção das brisas. Tomou os remos nas mãos, subiu no madeiramento de seu bote, iniciou movimentos lentos e a pequena embarcação com os amigos dentro passou a navegar, a caminhar, sobre as águas.

Quando por fim Paulo retornou para a aldeia na ilha, Pedro permaneceu por horas acompanhando o perfume das estrelas e as canções das brisas, assim como a poesia da vida. Dançou nas areias e nadou nas águas mornas do mar. Renascido, amou a vida comovido.

 


                                                   

 

 

1 de outubro 2021,  sexta-feira

17h30 - 19h30

 

 

 

áudio editado do primeiro dia de trabalhos.

 

 


 

2 de outubro de 2021,  sábado

16h30 - 19h10

 

livros que serão trabalhados

 

 

 

 

 

Um dos vídeos a ser trabalhado com os livros acima:

 

 

 

áudio editado do segundo dia de trabalhos.

 

 

 


 

3 de outubro de 2021,  domingo

16h30 - 20h10

 

livros que serão trabalhados

 

 

 

 

 

 

 

Um dos vídeos a ser trabalhado com os livros acima:

 

 

                  

áudio editado do terceiro dia de trabalhos.

 

      

 

        

 

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