Explicação -
Em uma época
que traz por vezes características pronunciadas para o pragmatismo, o
utilitarismo, o hedonismo, as exigências do imediatismo, como a
espiritualidade pode hidratar, acompanhar seres humanos rumos aos
elementos de compreensão, amor, paz - quando estes forem os caminhos?
Quais os modos e disposições da Espiritualidade em nossos dias? Isso é
geral ou atende a especificidades?
Existem
conciliações, atenuantes, amálgamas que possam auxiliar?
Na obra As
parábolas de Jesus, de John MacArthur, temos um exemplo:
"O
significado real daquilo que Jesus está ensinando não é imediatamente
evidente. A parábola precisa ser explicada. Por isso, Jesus incentiva
seus ouvintes a investigar o sentido real da parábola. Ele deixa isso
claro na segunda metade de Lucas 8:8: “Tendo dito isso, exclamou:
‘Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!’” O tempo verbal no texto
grego é o imperfeito, que normalmente indica uma ação repetida ou
contínua. A New American Standard Bible traduz o versículo assim: “Ao
dizer estas coisas, ele costumava exclamar: ‘Aquele que tem ouvidos para
ouvir, ouça!’”, indicando que, ao contar a parábola, ele ressaltou mais
de uma vez a necessidade de prestar atenção, de ouvir com um coração
crédulo e de enxergar para além da superfície à procura do sentido
verdadeiro."
Ouvir,
espiritualmente, talvez implique na descoberta de que inventamos alguns
relógios que pedem revisão, assim como o ambiente.
Encontramos
um exemplo disso na obra A Realidade não é o que Parece, do proeminente
físico italiano Carlo Rovelli:
"...chegamos finalmente à gravidade quântica e ao significado da
asserção “o tempo não existe”. O significado é simplesmente que, quando
nos ocupamos de coisas muito pequenas, o esquema newtoniano deixa de
funcionar. Era um bom esquema, mas apenas para fenômenos grandes. Se
queremos compreender o mundo mais em geral, se queremos compreendê-lo
também em regimes que nos são menos familiares, temos de abandonar esse
esquema."
Provavelmente apenas assim páginas como encontradas em Areias Movediças,
de Octávio Paz, farão sentido:
"Quando
deixei aquele mar, uma onda se adiantou entre as demais. Era esbelta e
ligeira. Apesar dos gritos das outras, que a seguravam pelo vestido
flutuante, pendurou-se em meu braço e foi saltitando comigo. Não quis
dizer-lhe nada, porque senti pena de envergonhá-la diante de suas
companheiras. Além disso, os olhares coléricos das maiores me
paralisaram. Quando chegamos ao vilarejo, expliquei a ela que aquilo não
daria certo, que a vida na cidade não era o que ela pensava na sua
ingenuidade de onda que jamais havia deixado o mar. Encarou-me, séria:
não, sua decisão estava tomada. Não podia voltar. Tentei doçura, dureza,
ironia. Ela chorou, gritou, acariciou, ameaçou. Tive que pedir perdão.
No dia
seguinte começaram os meus dissabores. Como subir no trem sem chamar a
atenção do maquinista, dos passageiros, da polícia? É verdade que os
regulamentos nada dizem a respeito do transporte de ondas nas ferrovias,
mas esta lacuna já era um indício da severidade com que nosso ato seria
julgado. Depois de muito matutar, cheguei à estação uma hora antes da
saída, ocupei meu assento e, quando ninguém estava me olhando, esvaziei
o filtro de água para os passageiros; em seguida, cuidadosamente, verti
nele a minha amiga."
Mas apenas inventar e descobrir novos modos de existir, isso encontra
questões complexas. Considere como uma ilustração o que escreve o
neurologista Oliver Sacks em sua obra Um Antropólogo em Marte:
"...quando, em 1728, William Cheselden, um cirurgião inglês, removeu as
cataratas dos olhos de um menino de treze anos, nascido cego. A despeito
de sua grande inteligência e juventude, o menino esbarrou em profundas
dificuldades com as mais simples percepções visuais. Não tinha a menor
idéia de distância. Não tinha a menor idéia de espaço ou tamanho. E se
confundia estranhamente com desenhos e pinturas, pela idéia de uma
representação bidimensional da realidade. Como previra Berkeley, ele
conseguia dar sentido ao que via apenas gradualmente e enquanto fosse
capaz de conectar as experiências visuais com as táteis. O mesmo ocorreu
com muitos outros pacientes nos 250 anos desde a operação de Cheselden:
quase todos experimentaram as mais profundas confusões e perturbações
lockianas.
E, ainda
assim, fui informado de que bastou remover o curativo do olho de Virgil
para que ele visse seu médico e sua noiva, e risse. Não há dúvida de que
viu algo — mas o quê? O que significava “ver” para esse homem antes
privado da visão? Em que espécie de mundo ele foi jogado?".
Nosso estudo
de dezembro trará algumas considerações em Filosofia Clínica para essas
questões e para outras ligadas à espiritualidade como um dos caminhos em
nossos dias.
Convido a
este estudo a ser realizado em dezembro.
Um abraço,
Lúcio
Funcionamento
- Transmissão
pelo Zoom, som e imagem, com trechos selecionados e explicados de
livros e de vídeos em destaque, mais conversações com Lúcio Packter.
Número
de vagas -
35.
Como
efetuar a inscrição -
1.
Se
você é aluno dos nossos cursos avançados (que são realizados terças
e sextas-feiras à noite, 19h00), escreva
para
institutopackter@uol.com.br
informando que solicita uma vaga
para o curso "Espiritualidade".
Não é necessário enviar qualquer outro dado.
Se não é aluno
dos nossos cursos avançados, por favor envie seu nome completo, cpf
e e-mail.
2.
Em até 48 horas após recebermos o seu e-mail responderemos enviando
uma carta contendo o boleto de inscrição e demais informações, desde
que tenhamos vagas.
3. Enviaremos
até um dia antes do evento uma carta com explicações detalhadas sobre
os procedimentos, horários, interatividade, senha e outros assuntos.
4. Valor da
inscrição -
206,00 - para
alunos dos cursos avançados do Instituto Packter que farão pelo
Zoom.
386,00 - para
o público em geral e alunos dos nossos outros cursos.
5. Não é
fornecido certificado neste evento.
6.
Eventualmente, livros e filmes podem ser modificados.
**
as vagas serão disponibilizadas conforme a ordem cronológica de
chegada dos e-mails.
*** ao
final de cada dia de trabalho, entre 20 e 30 minutos de conversações
com Lúcio Packter sobre os temas trabalhados.
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