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Arquivo com os Exercícios de Filosofia Clínica contendo as respostas comentadas:

 

Nietzsche e Filosofia Clínica

Assinale as alternativas corretas no que concerne às relações entre o pensamento de Nietzsche e a Filosofia Clínica.  

A (   ) Em Filosofia Clínica não podemos restringir a priori as atitudes do homem diante da vida em apenas três: fraqueza, força, inocência. Mediante o exame minucioso de historicidade podemos chegar a inúmeras outras atitudes além dessas descritas por Nietzsche.

B (   ) Para Nietzsche, o homem medíocre usa a moral, a religião, como defesa contra o medo que o acomete diante de um mundo desordenado e impetuoso. É a tentativa de colocar sob controle forças intensas, como a natureza. De fato, a clínica constata que quanto mais moralista é uma pessoa, mais fraca é para admitir suas emoções.

C (   )  Os valores religiosos e morais negam a vida. São as desculpas inventadas pela covardia. Trazem um peso imenso sobre a vida das pessoas. Para quebrar este processo, o homem deve passar de obediente, moralista, religioso e covarde para audacioso, autônomo, dono de suas ações. Nada de voltar às lamúrias. Este processo de libertação encontra nítido paralelo com a Filosofia Clínica.

D (   ) O homem forte rejeita as hipocrisias sociais, as regras sociais, luta por autonomia, autenticidade, busca por seus ideais, conforme Nietzsche. É este homem singular autêntico que a clínica filosófica trabalha para que cada pessoa seja.

E (   ) O homem forte deve dar passagem ao homem inocente para a suprema realização da pessoa na terra, disse Nietzsche. O homem inocente cria seus símbolos, vive em paz pois ultrapassou a luta, está livre de coisas como o ciúme e a inveja. Em Filosofia Clínica é notório que este homem inocente somente existe em ficção.

F (   ) A visão de historicidade em Nietzsche, quando volta ao princípio grego do "eterno retorno de todas as coisas", fornece indícios de que na Estrutura de Pensamento do filósofo existe uma circularidade de tal modo que Paixões Dominantes (tópico estrutural) são constitutivas da existência humana.               

 

 

 

Respostas – Estão corretos os itens A e F.

No item A o consultório ilustra as diferentes atitudes existenciais, que são muitas... Reduzi-las a três, dez, cem é provavelmente empobrecer a existência em sua amplidão de fenômenos.

O item B não encontra conformação na clínica, a não ser que consideremos casos isolados e episódicos em uma sociedade. A relação forçada entre fraqueza, religião, moralidade pode ocorrer às vezes, mas não podemos fazer disso uma regra. Um exemplo é que há pessoas fortes (na acepção nietzscheana do termo) que desenvolvem genuinamente depois a moralidade e a religiosidade como conseqüência de seu poder e força, e não como defesa ao medo, à natureza.

O item C traz uma série de reflexões. Pode existir tanta liberdade, autonomia, audácia na fraqueza e na covardia como existe moralidade torpe, medo, dependência na liberdade e na força. Essas aparentes contradições facilmente são encontradas na clínica, especialmente na autogenia (organização funcional entre os tópicos estruturais).

Item D. Parte da resposta foi mencionada no item anterior. A clínica filosófica não defende e não busca como objetivo a autonomia, força, liberdade do homem. Seria um erro grave. Não busca também a fraqueza, a dependência, a escravatura, o que nos induziria a um erro semelhante. A Filosofia Clínica busca o exercício existencial da pessoa. Isso significa assumir a defesa da criatura em seu exercício de coisa. Neste âmbito, muitas manifestações, como as que misturam fraqueza e força a um só tempo são aparições corriqueiras.

No item E é mais uma vez sintomática a concepção de Nietzsche quanto à inocência. O homem inocente não teria, por exemplo, fraqueza como o ciúme. No que concerne à clínica filosófica, há pessoas que vivenciam a inocência anunciada por Nietzsche fora e para além de toda a ficção.

O item F traz elementos complexos, difíceis de sintetizar em um parágrafo. Há uma aproximação, de fato entre o princípio do eterno retorno e as Paixões Dominantes. Esta aproximação inicialmente diz respeito à freqüência com que o fato pode ocorrer, ainda que a determinação (no sentido de intensidade, pujança) possa tornar tais elementos periféricos, insignificantes, diante de outras conformações tópicas. Aparentemente Nietzsche deu relevância a um assunto que rotineiramente é menor entre as experiências de muitas pessoas. Para ele provavelmente não foi.

 

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