Instituto Packter
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Arquivo com os Exercícios de Filosofia Clínica contendo as respostas comentadas:
Leia o artigo a seguir, de Lúcio Packter, publicado na edição 39 da revista Filosofia, Editora Escala. Em seguida responda se é tarefa da Filosofia Clínica fazer com que a pessoa se ouça existencialmente.
Após uma palestra em Boa Vista, enquanto autografava alguns livros, uma senhora se aproximou e disse que compreendia agora porque achou que era uma boa ouvinte de si mesma e se assustava quando o que surgia em sua vida mostrava que ela era, na verdade, surda de si mesma nas questões essenciais.
Durante a palestra eu havia exposto que algumas pessoas acham que se ouvem porque pensam em suas questões e prestam atenção ao que pensam, enquanto às vezes as emoções, por exemplo, permanecem na orla sem que a pessoa as considere. Com o tempo, o que era apenas uma tristeza torna-se, em diversos casos, uma tristeza intensa que se espraia em direção a campos como relacionamentos, trabalho, religiosidade. Um dia a pessoa levanta, a primavera toda lá fora, e ela se pergunta porque se sente triste, sem vontade de trabalhar, de namorar, de sair com os amigos. Logo ela, uma pessoa que tanto se ouve, não sabe como algo assim pode estar acontecendo.
Mas, o que ouvir exatamente em si mesmo? Entre tantos pensamentos, fatos, sentimentos, buscas, entendimentos, entre tantos elementos, quais são importantes o suficiente a ponto de merecer uma atenção em especial?
Além disso, qual o mérito de determinadas audições existenciais? Devemos ouvir o que grita em nós, o que nos pede, o que nos procura, o que nos adverte? Édipo, como uma ilustração, adolescente, deu atenção à profecia do oráculo e deu fé aquilo. Tanto é que acreditou ser filho de Políbio e escapou de Corinto para provocar um desencontro com o destino.
Há elementos convincentes que nos falam, em nós, que suplicam, reclamam.
Ouvir é uma condição que implica em discernimento, neste caso. É por meio da historicidade da pessoa que poderemos identificar o que ela foi apagando (“deixei para lá; não dei mais atenção a; passei a me ocupar de outra coisa” etc). Talvez saibamos o que foi essencial em tudo isso, pelo estudo dos contextos, dos elementos, do andamento das questões ao longo dos anos. Certas questões que deixaram de ser ouvidas foram existencialmente adequadas e um acerto producente para a pessoa. Em outros casos isso pode ser diferente.
Resposta
Conforme o texto, na opinião do filósofo não se trata de ouvir-se existencialmente, mas do que ouvir, quando ouvir, de que maneira a pessoa pode fazer isso.
"Ouvir é uma condição que implica em discernimento, neste caso. É por meio da historicidade da pessoa que poderemos identificar o que ela foi apagando (“deixei para lá; não dei mais atenção a; passei a me ocupar de outra coisa” etc). Talvez saibamos o que foi essencial em tudo isso, pelo estudo dos contextos, dos elementos, do andamento das questões ao longo dos anos. Certas questões que deixaram de ser ouvidas foram existencialmente adequadas e um acerto producente para a pessoa. Em outros casos isso pode ser diferente."
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