FRASES E PENSAMENTOS
DE ESPECIALISTAS EM FILOSOFIA CLÍNICA
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A leitura da obra A Última
Grande Lição, de Mitch Albom, me fez repensar nas interseções de EP’s que tenho
em meu cotidiano e a forma como estas podem influenciar minha vida, tanto de
forma positiva quanto negativa. Também me levou a perguntar: De que modo eu
estou vendo o mundo e como estou mostrando este mundo às pessoas com as quais me
relaciono? O que as pessoas estão aprendendo comigo? Que valores estou
cultivando?
Assim como Mitch Albom, freqüentemente realizei deslocamentos longos no decorrer
da leitura desta que considero uma obra repleta de poesia e sensibilidade.
Também fui levada a meus tempos de faculdade e tentei identificar se tive
contato com algum “professor Morrie Schwartz” nesta época. Viajei até minhas
salas de aula e me questionei acerca de meu papel existencial de professora.
Será que estou ensinando algo a mais além do conhecimento acadêmico? Será que,
como o professor Morrie, estou prestando atenção em meus alunos? Ou são eles
meros números?
Pude evidenciar com a leitura como na prática (já que a história é verídica)
algumas interseções de estruturas de pensamentos podem ser determinantes. No
caso dos personagens Morrie Schwartz e Mitch Albom, as interseções aconteceram
de forma positiva, gerando aprendizados belíssimos. É claro que, talvez, para
qualquer outra pessoa, reencontrar Morrie não significasse nada. Talvez se
qualquer outro aluno tivesse reencontrado Morrie após dezesseis anos, este livro
nem seria escrito. Tudo depende da forma como a pessoa se estruturou
existencialmente.
Julmara Goulart Sefstrom
Cocal do Sul - SC
Não é raro defrontar com
conjunturas exclusas na comunicação. Concebemos, pois, que a aptidão de
testemunhar pressupõe o ato de comunicar. Assim, a intencionalidade da
comunicação circunstanciada é condição para o testemunho. Portanto, entendemos
que uma publicação póstuma se enquadra como testemunho, uma vez que, naquela
circunstância, a pessoa desempenhou uma comunicação: escrever no diário. Em
Filosofia Clínica, correlatamente, identificar as Armadilhas conceituais e
evitar prévios Agendamentos obtém resultados promissores.
Não é raro identificar casos
de expressões involuntárias, consequentes do funcionamento corporal, de
condições externas e de situações aleatórias, de tal forma que nem sempre nos
comprometemos com elas. Uma expressão qualquer não é condição suficiente para o
testemunho; podem soar como palavras soltas ao vento. A fim de evitar situações
equívocas, é importante considerar, razoavelmente, o contexto da
comunicabilidade. Em Filosofia Clínica, equivalentemente, a pacienciosidade da
Historicidade e dos Enraizamentos é imprescindível no processo terapêutico.
Ronaldo Miguel da Silva
Porto Alegre - RS
Filosofia Clínica, inovação de
considerável relevância na utilização e concepção da filosofia geral e,
sobretudo na peculiaridade com a qual enfoca os indivíduos humanos.Passou a ser
divulgada em meados da década de 1990 e vem conquistando um crescente número de
adeptos e praticantes em diversas cidades deste país, não só de filósofos, mas
também de profissionais e estudiosos de outras áreas como saúde, educação e
humanidades em geral.
Um dos elementos distintivos
da Filosofia Clínica é o seu caráter prático-aplicativo. O exercício
especulativo ganha pouco espaço se comparado ao uso prático adaptado de
metodologias e conceitos oriundos de diversos pensadores e correntes filosóficas
sempre destinados ao serviço de uma prática terapêutica. A resultante dessa
composição tão diversificada que caracteriza a Filosofia Clínica está na
vanguarda de nosso tempo histórico, destacadamente no que se refere à
sensibilidade com que procura lidar com as pessoas. Nela cada indivíduo é
concebido por uma perspectiva única desde sua comunicação até os elementos mais
densos e abrangentes da existência. É a busca do autêntico respeito pela
alteridade de cada um. Desconsidera rótulos preestabelecidos acerca do outro.
Ao observar a gênese e os
potenciais da Filosofia Clínica assentada em seus princípios éticos e
humanísticos como norteadores do árduo trabalho que é desbravar este mundo,
pode-se vislumbrar um devir colorido por tons tão avançados que os nossos
prismas contemporâneos jamais registraram. Inéditas configurações intelectivas e
enfoques mais lúcidos estão sendo edificados.
José Gabriel Oliveira Lima
Campinas - SP
Para os profissionais que
trabalham diretamente com as pessoas é urgente a necessidade de resgatar o homem
para si mesmo, de ampliar sua visão, sua percepção, adquirindo uma mais abrange
visão de vida e compreensão do universo da existência humana para propiciar às
pessoas um encontro mais verdadeiro consigo e com a vida superando um olhar
individual reducionista que transforma o oceano em um pequeno aquário com todas
as consequências dessa condição. Reducionismo e radicalismo são prisões, pois
impedem resposta livres e responsáveis às grandes questões da existência.
A ação de filosofar favorece a
abertura, a busca, a conviver com a pergunta e com a hesitação. A Filosofia
Clínica pretende, diante da observação de um ser humano histórico, contingente e
mutável, baseada nas mais importantes conquistas filosóficas acumuladas durante
a história auxiliar a compreensão do próprio homem.
José Alem
Campinas - SP
A ciência já observou que o
filho usa da mãe, também pelo leite materno, uma carga imunológica que perdura
até que seu físico esteja pronto para produzir sua própria imunologia. Não seria
absurdo considerarmos que o mesmo possa ocorrer no campo das ideias.
Lúcio Packter não vê a
necessidade de definir a figura da alma na Filosofia Clínica, mas fala de
funções normalmente atribuídas a ela para explicar alguns efeitos que podem ser
somatizados no corpo, e que não são o corpo. Na Estrutura do Pensamento, o
tópico instrumental Autogenia tem a propriedade de analisar as dialéticas que
ocorrem dentro da própria estrutura. Também ao utilizar elementos constituintes
da Lógica e da Matemática, Packter obrigatoriamente estaria se utilizando da
figura da dialética ou a maneira como os elementos matemáticos se combinam.
Roberto de Souza Costa
Brasília - DF
Ouvir
significa muito mais do que reunir dados por meio da audição. Ouvintes dotados
de empatia usam elementos como os olhos para detectar sinais físicos das emoções
de seus filhos. Usam a imaginação para verem a situação da perspectiva da
criança. Usam as palavras para traduzir de forma tranquilizadora o que estão
constatando, podem auxiliar a criança a nomear as emoções.
Mas o que é mais importante: usam o coração, o que é determinante na EP, para
que possam sentir verdadeiramente o que a criança está sentindo. Neste sentido,
nomear as emoções e demonstrar empatia podem ser coisas que andam muito
próximas.
Jacson Raul Tiedt
Blumenau - SC
Tudo que existe é ser. Os
seres que podem ser coisas inertes, ideias ou organismos vivos povoam a nossa
realidade. A reação do homem diante da realidade não fica restrita apenas à
constatação das coisas existentes, mas ao interagir com a realidade o homem é de
alguma maneira afetado por ela. As relações das pessoas com seus semelhantes e
com seu ambiente não surgem do nada; elas se desenvolvem na cultura social a que
pertencem a partir de seus mundos existenciais.
Segundo Lúcio Packter, o modo
como está existencialmente cada pessoa é o que define sua Estrutura de
Pensamento (EP). Isso significa que a EP de uma pessoa consiste em seus
pensamentos, sentimentos, entendimentos, valores éticos, valores religiosos,
valores cognitivos, enfim, tudo o que estiver no interior da pessoa.
Resumidamente, a EP de uma pessoa é tudo o que ela é. A EP é aquilo que nela, só
dela é. E de mais ninguém.
José Teles Lopes
Fortaleza - CE
Levinas constrói a ética da
subjetividade baseada na presença da outra pessoa, esta relação entre o sujeito
e o outro precede o conhecimento e não pode ser reduzida a este. Levinas
explica no começo de Totalidade e Infinito que o outro metafisicamente desejado
não é o outro como o pão que eu como, pois, neste caso, o outro seria absorvido
ou deglutido tornando-se parte da minha própria identidade. O Outro absoluto no
qual Levinas constrói sua filosofia é aquele que desperta o desejo metafísico, o
transcendente que não pode ser reduzido às minhas categorias de entendimento.
Flavio Horwitz
Jerusalém - Israel
Muitos filósofos do Ocidente e
do Oriente teriam chegado a uma conclusão: o homem era tido como uma marionete,
movido pelas paixões cegas e pelas circunstâncias. Tudo era dominado pelo
destino, nada fugia do seu poder, e o Universo estaria condenado a ficar
eternamente no mesmo círculo, então diversas doutrinas sobre a salvação surgiram
a partir da consciência da imperfeição do Mundo.
Platão, por
exemplo, apresenta como saído para a Humanidade a estrutura mais justa da
sociedade; já Buda aponta como solução a fuga do mundo e a contemplação
mística. As duas saídas têm como base a tese de que nem o homem, nem a
divindade, têm formas para provocar mudanças substanciais no sistema do Mundo.
Logo, o que se conseguiria era um alívio parcial do sofrimento ou a esperança no
fim da matéria.
Os persas julgavam que o Bem e
o Mal são apenas os dois pólos opostos e equivalentes da mesma realidade, como
se fossem dois deuses antagônicos.
Angela Alves Sá Pereira
São Luís - MA
A
medicina e a indústria farmacêutica evoluíram muito e, em conjunto, conseguiram
aumentar significativamente a expectativa de vida do ser humano, com solução
para a grande maioria das doenças físicas que acometem o indivíduo.
Na área psíquica, no entanto, praticamente limitam-se a amenizar os sintomas e a
condenar a pessoa a uma eterna dependência de medicamentos com, no máximo,
recomendações banais (superfiiciais) de mudança de hábitos, tipo organize sua
agenda, pratique exercícios físicos, reserve tempo para o lazer, trabalhe
menos... sem levar em conta que muitas vezes são exatamente esses afazeres que
ajudam o indivíduo a não “enlouquecer” .
Tomemos como exemplo uma jovem dona de casa com 34 anos de idade, diagnosticada
com transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Ela tem insônia, irritabilidade,
fadiga, angústia, palpitação, falta de ar, dificuldade de concentração... Esses
sintomas decorrem de constantes infidelidades do marido e uma sensação de
impotência diante do fato; a sogra que a acusa constantemente de ser uma mãe má
e que tem a chave de sua casa e entra sem avisar, o que também a irrita, pois a
casa é sua e ela sente-se invadida na sua privacidade, mas não tem coragem de
tomar qualquer atitude; o medo de ser abandonada de novo, pois seu pai morreu
cedo e seu padrasto tentou molestá-la. A prescrição de um ansiolítico ou
antidepressivo e mudanças de hábitos lhe trarão a cura?
Nesse ponto a Filosofia Clínica é imbatível, tanto no diagnóstico preciso
através da colheita da historicidade, quanto em apontar caminhos existenciais
para cada pessoa em particular, diferente dos tratamentos em série que
prescrevem antidepressivos e os mesmos conselhos indistintamente e padronizado
da medicina.
No caso em questão, por exemplo, ajudando-a a superar e resolver dentro de si a
ausência do pai; ajudando-a a enfrentar a sua sogra e assumir o controle da sua
casa, ou a contornar a situação de forma diplomática, ou a compreender sua sogra
e ver que ela é que é infeliz, tentando amá-la e ajudá-la, ao invés de se sentir
invadida, ou qualquer outro caminho que a sua estrutura de pensamento mostre ser
o melhor para ela. Em relação ao marido da mesma forma, desde um rompimento da
relação e auto valorização até uma nova forma de enxergar o casamento.
O fato é que ao lidar com a verdadeira causa da ansiedade (“causa última) e não
apenas com os sintomas que o levaram ao médico (“causa imediata”), o filósofo
clínico propõe uma solução verdadeira, ao invés de uma maquiagem que muito
frequentemente conduz a um outro problema que é a dependência química.
Laurentino Aguiar Rodrigues
Juazeiro - BA
O
grande teórico da música grega antiga foi Pitágoras, considerado o fundador de
nosso conhecimento de harmonia musical. Também foi ele o sistematizador da
associação de cada modo com determinado estado de alma, imbuindo-os de uma ética
especial. Por exemplo: o modo dórico era considerado capaz de induzir um estado
(ethos) pacífico e positivo; o modo frígio era considerado subjetivo e
passional, uma sensibilidade hoje em grande parte perdida, convencionalmente
usada para produzir uma impressão animada e alegre; o modo de escala menor,
usada para descrever estados melancólicos ou introspectivos.
A música exerce, portanto, um efeito curativo sobre algumas pessoas e hoje é
usada como recurso terapêutico, razão porque, em Filosofia Clínica, pode ser
aplicada, conforme a disposição do partilhante, para isto
Francisco Soares de Oliveira
Teresina - PI
Qual a melhor forma de avaliar
uma aluno, seria um outro ponto importante, também levando em consideração o
estudo da EP dos alunos. O que temos como avaliação hoje, são memorizações
padronizadas ou textos contextualizados seguindo um comando lógico e rígido,
chamados de habilidades e competências, onde as nuances cognitivas de cada
aluno não são levados em consideração, nem tão pouco sua situação
sócio-econômica e familiar, dentre outras. Do ponto de vista da Filosofia
Clínica a educação deve buscar no aluno a sua forma única e singular para uma
melhor aprendizagem, e essa forma se expressa na capacidade estrutural de cada
aluno de demonstrar a partir de sua estrutura mental e de pensamento o melhor
caminho. Em suma, não existe uma fórmula pronta na aprendizagem para todos,
deve-se construir uma pra um único aluno, sua fórmula própria, seu canal de
busca própria, a sua própria medida filosófica clínica.
Jean Carlos Dantas
Fortaleza - CE
Na semana passada fiz uma
visita a um amigo, cuja profissão é a medicina ocupacional, durante um longo
diálogo ele explicou-me o que é a sua profissão, informando-me em meio ao seu
discurso recortado de observações filosóficas, que a sua profissão recebeu uma
certa carga de exclusão social por parte da medicina clássica ou tradicional,
por ser muito filosófica.
Seria isto um pré-juízo? É
evidente que sim! A minha afirmação também é um pré-juízo.
O homem é um construtor de
cultura e por natureza um construtor de pré-juízos. Essas verdades subjetivas
que tecemos ao longo de nossa historicidade, que denominamos de pré-juízos,
torna-se objetivada na expressão verbal de milhares de pessoas, nos mais
variados contextos, quer seja no social, cultural, político ou econômico,
atravessando séculos e tornando-se histórico e dinâmico.
O pré-juízo histórico ganha
força de exclusão social quando a sua fenomenologia se traduz com a roupagem das
ditas “patologias médicas”, termo tão estranho, a nós filósofos clínicos.
Noel Carlos de Souza
Campinas - SP
É dando significado a
determinados conteúdos que algumas pessoas se submetem à aprendizagem, sendo
esta, a verdade subjetiva desse aprender.
Ao descobrir algo, percebo que
aprendi algo novo. É estudando a mim mesmo que posso descobrir como compreendo
aquilo que sou, e tomo-me como referência diante de novas possibilidades.
Quais seriam os parâmetros
desse ato de conhecer? Qual seria a sua essência? Seria conhecer o que se
conhece. Seria assim, descobrir o quanto se conhece, observando uma forma
sistematizada que auxilie o pensar sobre a vida, e o situar-se melhor diante de
si, com os demais e com o mundo ao seu redor.
Veronica Simão Galletti
Dourados - MS
A Filosofia Clínica é uma
terapia que percebe o homem na sua pluralidade e também na sua singularidade. É
maravilhoso como, pela historicidade, o partilhante se dá a conhecer ao filosofo
clínico, que o faz mediante o conhecimento e o domínio do método pelo qual a
Filosofia Clínica se estrutura. Cada Estrutura de Pensamento se comporta de uma
maneira e, com este trabalho pude reafirmar que , em Filosofia Clínica, os dados
nunca devem ser trabalhados isoladamente, mas conjuntamente, dentro do contexto
que nos é dado a conhecer.
Arlei Castilhos
Dourados - MS
Chegamos então ao problema da
impossibilidade de acessar os estados mentais, senão em primeira pessoa. É
possível que um exame de neuroimagem traga uma leitura precisa ? Fechar um
diagnóstico ou estabelecer uma terapia medicamentosa levando em conta apenas
dados estáticos decorrentes da observação matematizada de um organismo não seria
impreciso? Talvez um grande equívoco? Qual seria uma postura ética? Seria
possível uma postura que buscasse olhar a questão não apenas tentando dar uma
resposta, mas que tentasse entender sua raiz?
A filosofia clínica vem
mostrando que existe a possibilidade de criar saídas e novas maneiras de
encararmos nossas dores. Enxergar-se como uma singularidade que existe a partir
da coexistência com nossos contextos ajuda a criarmos novas rotas de fuga. Somos
plásticos, a história mostra que nos constituímos e prevalecemos como seres
criadores. Como um artista que lançado ao seu fazer, busca criar uma obra
singular, uma obra que possibilite novas leituras da vida, nós também precisamos
construir nossas vidas como uma obra de arte, uma criação singular que exige
instrumentos e maneiras singulares, que necessita de um tempo e espaço
particulares, que necessita de circunstâncias específicas para existir. Uma obra
de arte que tem traços específicos e que não se acha em outro lugar. Algo único,
um ensaio constante que não exige um produto definido e sim uma obra sempre por
tornar-se. SingulArte!
José Ricardo Soares Reis
Porto - Portugal
O posicionamento da Filosofia
Clínica, quanto àqueles que sofre com a dor, seria mais próximo a um organismo
com seu ambiente, observando suas categorias: Assunto, Circunstância, Lugar,
Tempo e Relação.
De maneira despretensiosa, a
Filosofia Clínica não guarda consigo a pretensão de ser o "santo graal" da
compreensão humana, nem julga necessário desvendar esta complexidade ou até
mesmo sanar as inquietudes da mente. Na verdade, constitui-se de um "não saber",
por isso a postura de busca diante do desconhecido ser constante, mesmo diante
de exames que revelem, substancialmente, circunstâncias óbvias de enfermidade.
"não há em filosofia, padrões previamente estabelecidos para a atuação do
terapeuta. Há uma metodologia que orienta a atuação, com bastante flexibilidade.
É importante ao filosofo clínico, por exemplo, manter-se no 'não saber'"(AIUB,
2010, p.36).
Situar a filosofia clínica e
sua abordagem na compreensão da dor, e especificamente afetivo-emocional, parece
um campo minado, pois traduz a todo o momento um cuidado cheio de meandros, que
ao olhar mais cético aponta a certeza da falência da proposta de escuta.
No entanto, como observado no
início deste escrito, a dor possui também em uma dimensão comportamental.
Circunstancialmente, aparece ao filosofo clínico a narrativa da dor por meio da
oralidade, mas a linguagem é uma manifestação viva e toca diferentes formas de
expressividade e esteticidades, sejam estas brutas ou seletivas.
Almir José da Silva
São Paulo - SP
Dentro da filosofia clínica não reconhecemos os traumas como patologias, como
doenças incuráveis, mas como movimentações existenciais capazes de trazer dor e
sofrimento. E, se estes efeitos não são universais, se existem pessoas com
estruturas plásticas o suficiente para se readaptarem após um evento
traumatizante, não devemos descuidar, e muito menos minimizar o sofrimento
daquelas que estarão carregando em suas estruturas de pensamento as sombras de
um fato doloroso, cujos ecos ainda reverberam em suas vidas.
As descobertas feitas pelas neurociência reforçam nossa busca e confiança por
trazer alívio àqueles que sofrem. Ao revelar a cada nova descoberta como
funcionam nosso cérebro e nossa mente, oferecem respaldo biológico e científico
à forma como atuamos em clínica. Temos um cérebro capaz de criar e recriar sua
própria história e de acreditar tanto nessa história até que ela passe a ser
realidade, a sua realidade. E isso nos mostra que já trazemos "de fábrica" uma
poderosa ferramenta na luta contra os efeitos dolorosos de vivências conhecidas
como traumas.
Daniel Fernandes Silva
São Paulo - SP
Creio que a insistência de
muitos filósofos clínicos (terapeutas), na prioridade da teoria compara-se a um
discurso de sabedoria.
Ao abordarmos uma história
como terapeutas é imprescindível nos darmos conta dos pressupostos que a
justificam ou legalizam. A ignorância destes ou a marginalização implicam em que
acabemos por não saber o que estamos falando.
Trata-se de uma atividade que
se torna necessário à exploração constante da prática e a sua permanente
avaliação e reformulação. Acredito que a pesquisa na teoria possa desenvolver
uma avaliação da prática e, permitirá parar, reavaliar e desenvolver novas
maneiras de abordar o atendimento.
Fico preocupada ao notar que
alguns colegas “alunos” ao iniciar o estágio supervisionado têm pressa em
encontrar uma forma mais rápida para colher a historicidade, exames categoriais
e submodos. A idéia é que o atendimento fosse através de encontros pelo MSN, que
o partilhante enviasse por e-mail sua história, que quanto mais rápido iniciasse
os procedimentos melhor para o partilhante, etc, coisas assim.
A impressão geral de que se
requer muito pouco trabalho. Mais o que significa este muito pouco? Antes de
tudo se refere provavelmente o conhecimento rotulado “prático”.
De modo nenhum quero insinuar
com isso que não seja importante o uso de nosso entendimento “teoria”, saber
fazer envolve o terapeuta a conhecimentos bem mais do que observar.
Vejo também mais interessante,
de perto, sem pressa, verificar como a pessoa relata sua história, entender o
movimento de seu pensamento, como compõe suas conclusões.
Filósofos clínicos não se
deram conta das implicações filosóficas e existenciais que essa mudança vai nos
causar. Eu seria mais cautelosa em relação a mudanças somente para acompanhar a
sociedade cuja velocidade aumenta as demandas sociais.
O diferencial da Filosofia
Clínica de outras atividades terapêuticas está exatamente neste “tempo” do
outro, estar sem pressa para caminhar no ritmo de seus passos. E a forma
humanizada, será que ao encurtarmos o processo para atender a demanda não
estaríamos fazendo como nos postos de atendimento médicos, clínicas de terapias?
A 1ª vista, poderia parecer que esta condição nos leva ao risco de um trabalho
de aconselhamento com risco extremo de mutilar.
Deixaríamos de ter o
atendimento personalizado e passaríamos ao atendimento generalizado.
Izabel Cristina Pereira
Poços de Caldas - MG
A transformação do liberalismo
para o utilitarismo disciplinador, no século XIX, faz o Estado e a família
assumirem papéis para individualizar e normatizar os indivíduos. Sobre esta nova
dinâmica, na obra Em defesa da sociedade, Foucault considera, como acontecimento
importante para os séculos XVII e XVIII, o aparecimento de um novo tipo de
exercício de poder, atingindo não só o indivíduo em si, mas seu corpo, seus
gestos, atitudes, discursos, aprendizagem e vida cotidiana.
“[...] essa nova mecânica de
poder incide primeiro sobre os corpos e sobre o que eles fazem, mais do que
sobre a terra e sobre o seu produto. É um mecanismo de poder que permite extrair
dos corpos tempo e trabalho, mais do que bens e riqueza. É um tipo de poder que
se exerce continuamente por vigilância e não de forma descontínua por sistemas
de
tributos e de obrigações
crônicas. [...] define uma nova economia de poder cujo princípio é o de que se
deve ao mesmo tempo fazer que cresçam as forças sujeitadas e a força e a
eficácia daquilo que as sujeita.
(FOUCAULT. 2002, p. 42)”.
Miguel Gomes Filho
Campo Grande – MS
Entre mim e o outro existe um
infinito. Dizer que conhece o outro é negar este infinito sagrado. O que eu
conheço da pessoa que se encontra à minha frente? O outro é como um iceberg.
Vemos apenas uma fração que, às vezes, ele se permite mostrar; a maior parte
está escondida. Não respeitar este infinito que existe entre o outro e eu é
negar a existência de Deus no outro, é negar o outro como sagrado, o outro como
religião.
Quantas vezes deixamos de ver
como outro como sagrado e, no primeiro deslize, no primeiro erro, reduzimos o
outro ao ato? No momento em que reduzimos o outro ao erro cometido, então
estamos nos afastando do sagrado. O outro é muito mais que aquele ato cometido
por ele, mesmo sendo um ato monstruoso.
Beto Colombo
Criciúma – SC
Trecho de O Velho Bah
Na Filosofia Clínica muitos
casos diagnosticados como TDAH seriam vistos de outras formas, pois os mesmos
sintomas poderiam ser compreendidos como modos diferentes de ser de cada pessoa.
Uma pessoa que se descreva agitada, impulsiva, com dificuldades de concentração
e desatenta, será observada a partir de sua própria referência, de seu contexto.
Observando tais dados, é
possível que o filósofo clínico perceba, por exemplo, a evidência do tópico Ação
na Estrutura do Pensamento da pessoa. O tópico Ação refere-se ao modo como os
conceitos estão associados na malha intelectiva da pessoa, para além do que se
pode observar externamente. Investiga-se então como se dá a associação
conceitual e suas variações mais importantes: como se formam as ideias e a
relação destas com as ações externas; a movimentação e velocidade das ideias, em
diversos contextos e os conflitos entre elas. Observando tais dados, descritos
pela pessoa, é possível que narrativas como as que favorecem o diagnóstico do
TDAH sejam compreendidas e encaminhadas de outras formas.
Márcia Avelino
São Paulo - SP
No começo de qualquer pesquisa
sempre existe uma dúvida. Na busca por compreensão instituímos métodos de
pesquisa, discutimos formas de fazer ciência, elaboramos métricas para
raciocinar, chegamos a acreditar que a verdade já fora descoberta. Nada mais
equívoco, não há verdade plena de outrora que não tenha sido problematizada.
Portanto, durante o processo
clínico, o filósofo encontra-se como aquele que aprende e aplica a
epistemologia, no intuito de empreender uma prática clínica que seja pertinente
ao não saber inicial, ao cuidado para não direcionar o partilhante com perguntas
ou afirmações que sejam frutos das observações primeiras ou generalizações
prévias.
César Mendes da Costa
São Paulo - SP
Salvar o homem da
desumanização é a maior tarefa do nosso tempo, e mostrar a importância da
participação do sujeito no processo formativo, conscientizando-o da própria
identidade, da dignidade e valor que lhe cabe, da sua missão no mundo, é
possível através da aplicabilidade da Filosofia Clínica que oferece o auxílio
necessário para pensar a vida, a existência, a natureza, para aperfeiçoá-las,
gerando benefícios a si próprio e também à coletividade.
Também Edith Stein foi um exemplar humano não só inteligente, mas de uma
sensibilidade e intuição muito além das mulheres e homens de seu tempo. Já
enxergava com precisão o papel e dignidade do homem. Seus prejuízos, muita
serenidade para mensurar o que surgir através da interseção, sinceridade para
dizer sim ou não a quem a procurar, e ser muito, muito humano.
Diná Figueiredo Mascarenhas
Campo Grande - MS
No Livro Filosofia Clínica no
Hospital e Consultório – Propedêutica, o professor Lúcio Packter inicia a Obra
contando a História do Pescador Santiago. O personagem da história faz a
autobiografia de acordo a situação que o cerca e a vivencia. O que Santiago
apresenta e representa é o que ele vive diariamente na pesca no mar.
Talvez, fazendo um paralelo
com a vida de Santiago, todos nós podemos ser velhos e novos no mesmo tempo ou
não. Guardamos coisas antigas no nosso intelecto (T. 06) ou somente coisas
novas, que podem se atualizar no percurso de nossa história renovando-as e
envelhecendo-as de acordo as necessidades e buscas.
O Filósofo Clínico pode sempre
que receber alguém entrar mar adentro que é a vida do partilhante. Outros
preferem entrar sozinhos e que quem ouve fique somente observando na praia. No
lugar de um consultório ou divã a Filosofia propõe o barco. Esse trajeto pode
ser feito com o barco para conhecermos e entendermos o contexto que o pescador
Santiago se encontra. Neste percurso a história de vida pode ser construída ou
reconstruída do jeito que o partilhante for contando.
Edson Cleber Negri
Cuiabá - MT
As verdades são politicamente
corretas em muitas situações, mas em tantas outras a “mentira” é necessária e
confortante. Por exemplo, você contaria a verdade a seu filho de nove anos se
ele te perguntasse quando foi sua primeira experiência com maconha? Você
contaria a sua filha que ficou grávida aos treze e fez um aborto? Contaria a sua
esposa que teve um caso com a vizinha a dez anos atrás se ela perguntasse? Aqui
o imperativo categórico kantiano não nos serve.
Devemos sempre contextualizar
as questões e analisar com calma as historicidades envolvidas para que possamos,
em clínica, perceber qual a melhor “verdade” que cabe em cada circunstância e
situação. E segundo o próprio House: "Há uma razão para a mentira: funciona."
Marta Claus
Uberlândia - MG
Chamo de namoro o prazer que
cada um mantém de dançar o ritmo que o outro propõe. O namoro é esse equilíbrio
alegre de bailar sem exigir partitura, roupa apropriada, local preparado. O
namoro respeita o improviso e o inesperado como quem abre os braços para
acariciar o vento. O namoro é o espaço no qual cada um pode ser um e ainda é
acolhido pelo outro, recebido pelo outro. E, tudo isso é diferente dos casais
que perpetuam a imagem congelada do que foram. Imagem congelada é aquela
percepção, entendimento que se guarda do outro, que aprisiona o outro, que não
permite ao outro mexer um milímetro fora dessa imagem que nós construímos na
nossa cabeça e não deixamos o outro escapar. Imagem congelada é a camisa de
força que colocamos o outro. Ela é mental, emocional, invisível, mas muitas
vezes perceptível.
Kélsen André Melo
Belo Horizonte - MG
A filosofia não é pop, assim como diz a filósofa do fantástico,
Viviane Mosé. Mas ela pode se tornar pop se as pessoas não tiverem um método ao
iniciar as leituras e debates filosóficos. De modo bem simples método é a
concepção de mundo de um determinado filósofo. Todos nascemos filósofos. Mas
filosofamos espontaneamente. O pensar é inato. Pensador é todo homem. Mas pensar
por si só não basta, é preciso saber pensar. O pop então seria o filosofar
espontâneo, o que também não basta. O essencial é se elevar culturalmente, o que
não significa aderir às filosofias prontas. Filosofar, embora seja uma atividade
cotidiana, não pode ser tratada como modismo. Ora, se a elevação cultural e
intelectual fosse possível através de manuais, muitos já teriam se elevado
quando da publicação da obra O Mundo de Sofia. No entanto, o filosofar permanece
espontâneo e medíocre. Sem desconsiderar a seriedade de tais obras, pois
reconhecemos que muitos se enveredaram na filosofia por intermédio delas.
Como tudo na vida, filosofar requer tempo. Mas este é uma
questão de escolha e mudança de hábitos - ou você escolhe crescer
intelectualmente ou você escolhe o caminho, os produtos e as idéias que outras
pessoas pensaram para você. Quanto a primeira escolha somos responsáveis por
ela, quanto a segunda já não podemos reclamar. Enfim, comprar pensamentos
prontos e idéias padronizadas nos parece mais fácil do que nos debruçarmos sobre
nós mesmos e descobrir o potencial do nosso pensar.A filosofia não pretende ser
auto-ajuda, nem tem em si uma finalidade prática. Mas ela é justamente uma das
maiores forças espirituais que nos impedem de soçobrar na barbaria e nos ajudam
a permanecer homem e vir a sê-lo cada vez mais.
Silvia Soares Santana
Uberlândia - MG
Filosofia Clinica é a arte de levar as pessoas a se encontrarem
existencialmente através de um novo olhar em sua historicidade e de descobertas
de novas maneiras para viver melhor consigo mesmo, com o outro e com o mundo.
Uma arte construída pelo rigor do método, pela expressão máxima
de humanidade por parte do filósofo clinico e pelo inteiro compromisso por parte
do partilhante.
A Filosofia Clinica desenvolve o trabalho através da construção
compartilhada a partir de cada pessoa e não de conhecimentos a priori. O
respeito à individualidade e à subjetividade são bases para o desenvolvimento da
terapia feita pela Filosofia Clinica.
Darcy Nichetti
Curitiba - PR
Entendo que a filosofia clínica representa um esforço
teórico-prático de resgatar e exercitar a humanidade, em nós e no outro. Uma
disposição e abertura ao diálogo, a escuta atenta ao modo de ser e de existir do
outro para ajudar em suas demandas. Nesse sentido a clínica filosófica
representa uma construção ética de acolhimento a singularidade de cada
indivíduo. Se bem encaminhada e coerentemente praticada a filosofia clínica se
constitui numa ciência que se constrói para cada pessoa, sem rótulos e
tipologias, um encaminhamento que se diferencia pela relação personalizada
intersubjetiva entre o partilhante e o filósofo clínico.
Everson Araujo Nauroski
Curitiba - PR
Como educamos um filho? Se ele entrar numa sala repleta de gente
e começar a espernear, gritar e querer chamar a atenção, como é que vamos nos
sentir? Se acaso ele decide quebrar as pernas das cadeiras da sala de visitas
nós deixamos? Bem, assim é com nossos pensamentos. Devemos educá-los se não
queremos sofrer por causa deles.
Pensar o que quiser desde que não se expresse o que nos vai à
mente faz com que o pensamento deixe de ser um aliado e passe a ser um
inimigo, hostil à nossa paz de espírito. Imagine quando recebemos um
diagnóstico. Por vezes, é uma sentença. A imagem pesada desta sentença passa a
nos acompanhar quando dormimos, quando almoçamos, quando trabalhamos, saímos,
estamos com amigos queridos. Isso é pesado, não nos ajuda e deixamos de fazer
todas as coisas que poderíamos estar fazendo com gosto e suavidade. Por que é
permitido ao pensamento fazer o que quer?
Liana Zilber
Curitiba – PR
Retomando o pensamento da irmã de caminhada Ubiracy, cada pessoa
tem um remédio. Assim também, cada qual irá se adaptar a uma religião, ao
estudo, às estruturas de carreira e lazer. Opções direcionadas por culturas
diferentes. E como disse há muito tempo um amigo, durante um curso esotérico,
"se nós nem conseguimos realizar o que é deste mundo, como alcançar o que é do
outro?"
As coisas estão aí para serem vividas. A glória para uns seria
jogar as emoções e os desejos fora para conseguir se levar uma vida coerente com
princípios e metas; no entanto, são partes do ser que às vezes conseguem ser
silenciadas, noutras não; às vezes conversar ajuda, substâncias ou doutrinações
resolvem temporariamente, mas faltamente se cai no que se consideram os maiores
defeitos; porque é preciso lutar com eles.
E, além disso, é preciso se perdoar por recair em erros que se
trabalha para modificar, apagar; contudo, houvesse perfeição, a história seria
outra e o trabalho também.
A influência hormonal, a nutricional – alguns
milagres acontecem; há dias em que se consegue ver a vida placidamente. Para
alguns, o remédio está em si próprios, altamente racionalizados, capazes na
condução de sua existência. Outros vão com muita sede ao pote. Estará rachado?
Estará vazio? A água é salobra? Para estes, há a alternativa de ser a raposa das
uvas. Ou de aprender escalada.
Muitos irão se engajar em grupos na tentativa de talvez
entender, ao final, que a resposta estava em seu próprio silêncio.
Seus modos de melhora você conhece ou experiencia; há validade
nas mais diversas formas de tratamento – ou de busca de bem-estar. Dos
antibióticos à homeopatia, da cura pelas mãos à das ervas; da meditação ao
canto. Dos homens de branco aos elementais da natureza.
Vania Dantas
Uberaba - MG
Como viver o mesmo dia duas vezes, se temos que fazer
malabarismos para nos mantermos na corda bamba que a vida tem nos proporcionado?
Fazer piruetas, dar cambalhotas, rolar, podem parecer coisas simples mas que se
não tivemos a capacidade resolutiva na hora, podem resultar em grandes fraturas.
O mesmo pode ocorrer na clínica, se não nos resguardamos aos devidos cuidados.
Afinal, partilhar significa ir ao mundo do outro, andar lado a lado, seguir
junto ao outro em sua historicidade e não tentar introjetar no outro as minhas opiniões, aquilo que eu ‘acredito’ que
seja o melhor para ele. Construir para todos um modelo único de Estrutura de
Pensamento, aquele que na minha representação seja o mais perfeito é determinar
a criação do clone comportamental. Alertar, ainda penso eu seja o melhor método;
respeitar, a melhor solução; o outro será sempre outro quando eu admitir a sua
plasticidade, sua busca, expressividade, o seu direito de ser, igual a todos os
outros em alguns quesitos, e muito diferente quando no homem são todos somados;
simplesmente por ser um em cada um, e poder ser em si mesmo e naquilo que
determinou como possibilidade de ser.
Olga Hack
Brasília - DF
Considerações acerca da aplicação prática no âmbito da filosofia
é motivo de repugnância para muitos catedráticos dessa área do conhecimento, sob
a alegação de que no ramo da filosofia não existe a possibilidade do sentido
prático, porque ela é meramente teórica, portanto, sem nenhuma vinculação com a
busca de solução de problemas, mas somente utilizada para questionar e buscar a
verdade. Nestes termos, teria o conhecimento filosófico aplicabilidade de ordem
prática? Poderia a filosofia ter como fim, também, auxiliar na solução dos
problemas?
O que fazia Sócrates com sua maiêutica na Ágora em Atenas? Que
ele filosofava todos sabemos, mas que também existia um sentido prático para
ajudar seus interlocutores, nem todos graduados e entendidos da filosofia
contemporânea querem compreende ou admitir. Pois bem, a filosofia pode sim
servir de parâmetro de ajuda, ela pode sim auxiliar e proporcionar a execução de
atividades práticas, que objetivam e facilitam o viver humano. O entendimento da
filosofia como descrição histórica do processo de conhecimento ou como
explicação da realidade universal em seu conjunto, deve continuar, entretanto,
não se pode negar sua contribuição aos aspectos práticos do viver concreto com
suas necessidades.
Francisco Tibério Araújo
Cajazeiras - PB
O filósofo José Maurício de Carvalho nos ajuda a refletir o
problema da Educação que pode encontrar na filosofia pistas para uma educação
humanística. Ele nos oferece a seguinte ideia: Vivemos um momento da história
humana em que uma proposta pedagógica para ser válida precisa somar a preparação
técnica a uma formação humanística ampla. Uma proposta pedagógica dessa
envergadura tem como objetivo geral humanizar o uso da técnica ao mesmo tempo em
que prepara o educando para a fruição dos bens do espírito marcantes numa
civilização que está superando os problemas imediatos da sobrevivência material.
Só uma educação articulada sob tais diretrizes impedirá a imbecilização das
pessoas ou a generalização da incultura, outro nome para o fenômeno social que
Ortega y Gasset anteviu e denominou de ‘ a revolução das massas’.
Nós temos um povo que aprecia muito a sua forma de
viver: festas tradicionais que transcendem gerações e serve muito ao espaço
escolar que nem sempre pode ter uma característica universalizada. Ortega y
Gasset considera a existência humana como uma aventura situada. Logo, o problema
da cultura aparece como muito importante porque o homem vive num meio cultural
que ele faz, mas que também o faz. Para viver num meio complexo de exigências e
sofisticação crescentes o homem necessita se educar não apenas desenvolvendo
habilidades que facilitem o seu sucesso profissional e assegurem sua
sobrevivência, mas também se preparando para responder às exigências ética e
estética de seu grupo social.
José Geraldo Pereira da Mota
São Francisco - MG
O primeiro psiquiatra a utilizar o termo distimia em um artigo
científico foi C. F. Flemming, em 1844. No entanto, à luz da Filosofia Clínica,
a Estrutura do Pensamento, trata-se aqui de analisar e de pesquisar o modo como
a pessoa está existencialmente, de forma individualizada, uma autobiografia que
obedece a critérios para que a pessoa possa elaborar a historicidade. Como diz
Lúcio Packter: “o filósofo clínico procura indícios de dados da experiência, os
pré-juízos, as verdades que a pessoa carrega e que dizem respeito às vivências”.
O que percebemos em nossos partilhantes é se vão querer resolver
esses problemas existenciais, se desejam perceber estas particularidades de vida
ou se contentarão em apenas um “diagnóstico”, um rótulo para poderem justificar
as suas características.
Rodrigo Oliveira Silva
Campo Grande - MS
Tive a honra de ser aluna de Lúcio Packter, uma das pessoas de
mente mais brilhante que eu conheço, de um pensamento límpido, desapegado,
abnegado, empreendedor, estudioso, ele é um monstro do pensamento. Ele consegue
ser profundo e leve ao mesmo tempo e em um terreno árido como é a Filosofia.
Embora não tenha optado por ser filósofa clínica, aprendi muito com esses
estudos, me tornei uma pessoa melhor e certamente as coisas boas que conquistei
como educadora saíram da perspectiva da Filosofia Clínica.
Para a Filosofia Clínica não existe patologia, mesmo que haja
coincidência, trabalha-se com o conceito de qualidade de vida. Por exemplo: há
pessoa que ninguém, nem a medicina, “cura”. Então, façamos o possível,
aprendamos a lidar com a ferida existencial a vida toda. Partindo do princípio
de que nada é patológico e usando os referenciais da Filosofia, como
Foucault,Nietzsche, Deleuze, Guattari...
Ana Kelly Ferreira Souto
trecho da entrevista para a revista de
Filosofia
Goiânia - GO
A boa qualidade da interseção entre o terapeuta e o partilhante,
juntamente com o direcionamento clínico são fundamentais para uma boa evolução e
qualidade de todo o andamento desta caminhada. Isso abrange ouvir, escutar
atentamente, não fazer agendamentos indevidos para não induzir a pessoa. Se
dispor a ir ao mundo do outro, estar ligado aos gestos, olhares,cores, cheiros,
mudança, novos comportamentos, trocas, movimentos, devires que compõem
trajetórias.
É fundamental aprender a dança da interseção, sem
atropelar, sem antecipar, sem mutilar sem anular o discurso da pessoa”.(Packter,
1995). De posse desse aporte teórico, o filósofo clínico passa a beneficiar,
entender e examinar as problemáticas existenciais do seu partilhante, na prática
de consultório. Em Filosofia não há pré-julgamentos, pois não conhecemos a
priori a pessoa que chega ao consultório. Não fazemos uso de tipologias
(normalidade/patologia), cada ser humano possui seu modo de ser no mundo e uma
estrutura própria que se deixa conhecer.
Idalina Krause
Porto Alegre – RS
Trecho do livro A Arte de Compartilhar
“A Estrutura de Pensamento é um conceito da Filosofia Clínica
que, pode-se dizer, nasceu de uma perspectiva hegemonicamente humanista, no
sentido das correntes psicológicas e também no dos ideais de desenvolvimento
pleno e corrente, concreto e existente, da essência humana renascentista e
greco-romana, pagã e judaico-cristã. Esta perspectiva é também vida harmoniosa,
saudável, amiga e fraterna. Buscam-se existências mais profundas, humanas e
éticas. Até que ponto a apropriação dos conceitos aplicados à uma "pessoa" que
não é propriamente "pessoa", e quem dirá sagrada, mas organismo
administrativo-social-capitalista-profano, pode ser considerada uma continuidade
ou aplicação benfazeja do conceito?”
Leonardo R. Medeiros
Batatais - SP
A Filosofia Clínica nasceu no Brasil na segunda metade do século
XX, pelas mãos do filósofo Lúcio Packter (1962...). Mais precisamente, no ano de
1995, surge a primeira turma de formação em Filosofia Clínica, em Porto Alegre.
Da mesma forma que uma criança para nascer necessita de um tempo
de gestação, assim foi o que ocorreu com essa corrente de pensamento. Foram mais
de quinze anos de pesquisas e estudos para que essa nova metodologia pudesse
nascer.
Qual a minha intenção ao destacar no início deste escrito a
importância do fato dela ter nascido no Brasil? De modo geral, quando falamos de
correntes filosóficas, logo nos reportamos ao pensamento europeu, contudo, estou
convencido de que nós também somos capazes de gerar novas formas de ver o
mundo.
Pensar que somos meros satélites do pensamento eurocêntrico é,
de certo modo, nos assemelharmos ao conceito de homem fraco de Espinosa
(1632-1677). Estou cônscio de que também nós, brasileiros, podemos deixar nossa
contribuição para a humanidade, como fizeram os gregos quando nos deixaram o
legado da Filosofia. E por quê? Porque somos seres dotados da faculdade da razão
como eles. Pensar a partir de uma perspectiva tupiniquim significa
enfraquecermos nossa alma. Lembro-me aqui da máxima de Karl Marx (1818-1883):
“nada que é humano me é estranho”. Quem nos disse que essa era a sua máxima foi
sua filha, Eleonor. Isso está no livro “Rumo a Estação Finlândia” de Edmundo
Wilson, que foi o primeiro lançamento da Companhia das Letras.
Ivo José Triches
Curitiba – PR
(trecho da obra A Força da Autonomia)
Em Filosofia Clínica, há dois tipos básicos de verdade, a
subjetiva e a convencionada. A primeira é aquela que experimentamos, nossas
opiniões, nossos conhecimentos, tudo que nos habita, tanto sensorialmente,
quanto conceitualmente. E a segunda é aquela consensual, estabelecida em
conjunto pelas pessoas. Lúcio Packter não propõe uma bagunça de conceitos,
levantar tal tese foi uma forma de sermos conduzidos ao sentido do ouvir como
quem vê aquilo que aparece, que se estende diante de nós. É preciso escutar
ouvindo as palavras que o outro diz e é na atitude de escuta que reside a
essência do escutar.
O primeiro mês de aulas, em 1998, não foi fácil para mim, ficar
diante do outro sem defender uma verdade de um único lugar a se chegar. Que
coisa! Mas passou. As verdades são conceitos habitando milhares de estruturas de
pensamentos. Lúcio Packter foi cuidadoso, fez do filósofo clínico um amigo de
escuta seletiva, se ele vai ouvir algo, vai ater-se exclusivamente ao que
aparece e deixar-se ser todo ouvidos daquilo que se apresenta. Diz Packter: Essa
pessoa não fala do meu ou do seu mundo. É sempre, e de qualquer jeito, o mundo
dela, o mundo conforme ela entende e vive.
Segundo o filósofo Garcia-Roza: ser todo ouvidos não é ser
ouvidos para tudo.Para o filósofo clínico a verdade pode muito bem estar no
coração, como outras vezes na razão. Quem nos dará o parâmetro dessa verdade é o
nosso partilhante. Que linda verdade nos diz Mário Quintana: "quem ama inventa
as coisas a que ama..."
Rosemary Pedrosa
Fortaleza - CE
Vivemos em uma sociedade complexa dividida em sistemas e
subsistemas. Sistemas que se comunicam e sistemas que agem autônomos (autopoesis)
como se não dependesse de outros sistemas. Niklas Luhmann, sociólogo alemão,
percebeu que a constituição de novos sistemas se dar pela observação, que por
sua vez decorre na autodiferenciação. Assim sendo a comunicação tem um valor
muito importante no que diz respeito a comunição de sistemas e subsistemas.
Desse modo a separação da sociedade não é uma separação
territorial, mas sim uma separação de comunição. Luhmann Identifica três
importantes sistemas: sistema biólogico, sistema psíquico, sistema social. Aqui
me interessa o sistema Psiquíco, e de modo especial a Filosofia Clínica,
abordagem terapêutica desenvolvido por Lúcio Packter, “Interseções entre
estrururas de Pensamentos”. Na Abordagem da “estrutura de pensamento” e mais no
uso dos “submodos” como forma de desconstruções dos choques existenciais.
O Filósofo Clínico pode se deparar com situações que não do
Partilhante ou do Filósofo Clínico. A capacidade resiliênte parece impossível.
Nesses casos é importante o Filósofo lembrar que o processo terapêutico se
desenvolve através de um complexo de relações sistêmicas sejam a nível imanente,
seja em nível transcendente. Nesse caso o processo terapêutico não se fecha em
si mesmo e nem se reduz na intersecção do Terapeuta e Partilhante, mas depende
de variáveis.
Assim sendo, como bem lembrou Lúcio Packter e Niklas Lumhann,
seja no processo social, por meio da análise sistêmica da sociedade, seja na
análise de sistemas psíquicos (Estrutura de Pensamento). A comunição sistêmica
considera o ser humano em um processo de comunicação continua que pode
proporcionar mudanças e despertar mecanismos pessoais que ajudam em resiliência
que depende de fatores internos e externos, relação pessoa e com meio social
pode proporcionar uma novas redes de relações importantes e necessárias dentro
da produção de novos significados e da dinâmica da vida.
Pe. Aires de Sousa Santos
Paderborn - Alemanha
Encontrar teorias que nos digam como devemos direcionar nossa
vida, ideologias que mostrem em que é melhor acreditarmos, pensamentos que
expliquem quem nós somos, diagnósticos que falem quais são os nossos problemas é
fácil, o difícil é achar quem nos respeite como somos e parta disso antes de
tudo.
A Filosofia Clínica é uma ética e é ética porque consegue partir
da nossa subjetividade, do nosso jeito e forma de ser.
Em Filosofia Clínica o ser humano é o ponto de partida, a medida
de todas as coisas, inclusive daquelas que consideramos nossas e daquelas que
consideramos dos outros. Uma Clínica Filosófica começa na ética, continua no
respeito e busca a compreensão.
Arildo Luiz Marconatto.
Cuiabá - MT
Autogenia... é este um outro nome para a Filosofia Clínica, um
lugar de escuta e de silêncio que tensiona a mesmice, revira a vida, fragmenta
pré-conceitos, recolhe do ocaso a singularidade perdida. O ser que é com seus
submodos é a referência. Sim, é belo observar que existe um processo autógeno
natural acontecendo todos os dias, sem intervenção clínica, e descobrir este
outro possível onde o filósofo clínico atua, com base na Historicidade, de modo
a se conseguir dar à pessoa - segundo a problemática tratada -, um rumo
existencial mais recomendável (via qualidade da interseção). Mas ... o espírito
precisa estar presente... como um farol que se faz luz na ocasião certa e se
recolhe quando a luz se fez. A Filosofia Clínica é uma práxis de alteridade. Não
há como caricaturar. Aprendi. Contra os perigos do reducionismo, um
caleidoscópio de possibilidades. Tsumanis podem acontecer em nossas vidas. Dali,
com o poeta, penso: se a alma não é pequena... (tudo) vale a pena! Aida
Lovison
Porto Alegre – RS
Filosofia Clínica zela por aquilo que é humano no humano, seu
aspecto existencial e toda gama de critérios, riqueza e complexidade da malha
intelectiva e sua gestão no processo de assimilação e acomodação do aspecto
histórico-sócio-cultural da pessoa, interpessoal e intrapessoal. Trata-se de um
acompanhamento pedagógico, em seu cuidado, escuta e direção. Valorando a
emancipação do humano em face da sua capacidade autônoma de gerir sua vida e
suas representações.
Adriano Volpini
Batatais – SP
Se tivéssemos todas as respostas às nossas questões... Ah se
pudéssemos compreender a nós mesmos... Viver uma eterna apatia, um vazio sem
fim, uma saudade sem endereço, sem endereçado, vida inconformada.
Infelicidade?!... Isto não condiz, a “regra” do bem viver diz viva feliz!
Felicidade é ter saúde, família, trabalho, carro, dinheiro, amigos, joias,
religião, enfim. Como assim, se vivo assim e estou assim infeliz?!... A
Filosofia Clínica caminha junto na solução de problemas e oportuniza à pessoa
organizar as ideias a partir de seus fundamentos e observação de seus processos
de construção. No diálogo com o outrem ela é ferramenta do filósofo clínico na
construção e ou desconstrução de caminhos para uma vida melhor da pessoa. A
Filosofia Clínica tem por base a alteridade – o outro não lhe passa
despercebido, mas sim, respeitado na sua especificidade; isto porque ela não tem
um tipo de abordagem comum a todas as pessoas, o que é o seu grande diferencial
como terapia. Assim sendo, ela propicia à pessoa (partilhante) que partilha sua
vivencias no consultório filosófico clínico, a adquirir conhecimento de si mesma
a partir da sua maneira própria de ser, pensar, conhecer e atuar no mundo que a
rodeia. Considerando, sobretudo, a importância de a pessoa na sua singularidade
ter autonomia para criar novas maneiras de viver a vida de forma producente,
compreendendo a sua lógica interna, o jeito próprio de pensar a vida e de
experienciar suas vivencias.
Ana Almeida Frota
Teresina - PI
É comum um partilhante (pessoa que procura o terapeuta Filósofo
Clínico) logo estar participando também de aulas, palestras, viagens de estudos,
programas de rádio e diversos eventos sobre a Filosofia Clínica, por iniciativa
própria ou à convite do Filósofo Clínico. É simples entender este movimento, na
medida em que a Filosofia Clínica, resultado de mais de 20 anos de pesquisas,
tornou-se bem mais que um modelo terapêutico e avançou na direção de ser um
referencial em situações cotidianas, como relações de trabalho e afetivas,
família, decisões e como a pessoa se vê e trafega no mundo e contexto onde
habita. A Filosofia Clínica traz em sua essência a humildade de nada saber à
priori sobre algo até que sejam cuidadosamente verificados todos os elementos
contextuais na historicidade de cada pessoa, fato ou tema. Isso dá à Filosofia
Clínica a flexibilidade para debater sobre temas atuais e históricos sem a carga
de pré-juízos, frases prontas e de efeito, panfletagem e afirmações categóricas
que muito mais servem à quem escreve do que à quem lê ou acompanha. A Filosofia
Clínica apresenta então a riqueza em propor, verificar e aprofundar temas ou a
existência de uma pessoa, disposta à lidar com toda a amplitude de
possibilidades que isso traz, através de uma linguagem simples e convidativa. Em
cada clínica, aula, palestra, jornada de estudos, a pessoa encontra elementos
que precisa para ajustar suas coordenadas internas, promover possíveis ajustes e
aproximar seu caminho existencial daquilo que de fato tem a ver consigo.
Alexandre Lima
Porto Alegre - RS
“A
Filosofia Clínica é apenas a Filosofia acadêmica direcionada à clínica,
realizada unicamente por filósofos graduados em Faculdades reconhecidas pelo
Ministério da Educação”. Com sua usina de força no Instituto Packter, em Porto
Alegre, direciona suas reflexões à pesquisa, à clínica e à formação dos
filósofos clínicos. Visa, através do seu método dialógico, a busca saudável da
vida.
Nesta busca saudável da vida, gostaria de aproximar a Filosofia Clínica e a
Religião. O verdadeiro sentido da vida é o conhecimento existencial, integral da
verdade, a comunhão com ela e a vida nela. Aqui está o ponto crucial para ambas.
Para a Filosofia Clínica a verdade é somente aquela da pessoa, subjetiva. Para a
Religião, diferenciando-se da Filosofia Clínica, a verdade não é mais um
conceito abstrato para se buscar, mas uma pessoa para amar. Cristo é o caminho,
a verdade, a vida.
Pe. Nilvado Alves
Roma - Itália
Vejamos alguns exemplos de choque entre os Tópicos da Estrutura
de Pensamento de alguns religiosos. Imagine alguém que gostaria de servir a Deus
dentro dos ditames bíblicos de santidade, fidelidade a Deus, e tudo isso, de uma
maneira muito rigorosa. No entanto, quando liga o computador, não aguenta, clica
nas páginas de pornografia. Entra numa tristeza profunda, na próxima santa ceia
já não participa. Não se acha em condições de participar de um ato que dá todo o
significado para a essência de sua fé, participar do sangue e do corpo de
Cristo. Assim vemos criar para si uma Paixão Dominante, comete o mesmo erro
constantemente, e toda vez que peca, simplesmente se acha incapaz, e essas
coisas começam a repetir em sua vida. Assim, começa a criar uma divisão, e
encontramos na sua fala dizeres como: ‘– Quando estou dentro da igreja.’ ‘–
Quando estou fora da igreja’. Só que este estar fora da igreja o leva por
caminhos que o afundam mais, que causam uma degeneração espiritual totalmente
contrário ao que projetou para sua vida.
Jair Pereira Paim
Cuiabá - MT
Será que a violência era menor na época do Brasil colônia, onde
seres humanos escravizados eram postos a ferros e outras 'judieiras' sem fim? Ou
na época de um Brasil entrando na revolução industrial, em que crianças de tenra
idade eram obrigadas a se submeter a várias horas de trabalho? Ou a violência
contra mulheres e idosos, por parte de homens abestalhados e se julgando grandes
chefes de clãs? Ou mesmo autoridades, investidas em altos cargos públicos
enviando aos "pelaporco" presos políticos ou não? Seria muito fácil tornar a
dizer o que se vê na mídia por todas as partes, mas incorreria no risco de
repetir enredos tão batidos, cujo desfecho já se antevê de imediato. Para falar
de violência no Brasil, ou seja lá onde for, necessário seria contextualizar
historicamente os fatos, ou se abrir mão disso, apenas contaríamos de novo
velhas histórias de príncipes e sapos.
Florivaldo Garcia
Ribeirão Preto - SP
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Para
Merleau-Ponty, a liberdade não é uma dádiva, mas sim uma
conquista, realizada pelo homem no mundo (através da ação do
homem no mundo). Não se pode dizer que há uma liberdade
absoluta, a liberdade é a possibilidade de superar uma situação
de fato. “Nascer é ao mesmo tempo nascer do mundo e nascer no
mundo. O mundo está já constituído, mas também nunca
completamente constituído” (Fenomenologia, pg. 608). Nossa
liberdade vem a ser quando nós nascemos no mundo. Quando
nascemos somos “jogados” no mundo, entramos na esfera do mundo,
que é um campo aberto de possibilidades (a qualquer momento a
nosso dispor), o que nos permite a liberdade. Entretanto o homem
não nasce totalmente livre. O homem “nasce no mundo e nasce do
mundo”, o mundo está constituído, mas também nunca está
totalmente constituído. Assim o homem precisa se fazer neste
mundo. Pela sua esfera, social, cultural e geográfica, são
impostos limites a sua liberdade. Ao mesmo tempo em que nascendo
no mundo se abre um vasto campo de possibilidades ao homem, esse
mesmo mundo impõe limites à liberdade.
Pedro de Freitas Júnior
Florianópolis - SC
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"O objetivo de um filósofo clínico não é julgar, replicar, rebater ou
convencer; mas investigar, compreender, pensar junto com o partilhante. Assim,
acompanhando os relatos das vivências das pessoas é possível observar que,
embora pareça que só você pense diferente, muitos de nós pensamos, sentimos,
compreendemos, agimos e somos de maneiras radicalmente distintas do que é
considerado “normal”, “comum”. Se conseguíssemos ouvir mais os outros, observar
sem julgar e sem querer convencer o outro de que estamos certos, e se
conseguíssemos interlocutores com a mesma postura de escuta atenta, de
disposição para pensar junto conosco, talvez percebêssemos que esse “ver, pensar
e sentir diferente de todo mundo” é muito mais comum do que imaginamos.
Consequentemente, a solidão de ser o único ser no universo a não partilhar um
mundo ou um sistema pré-estabelecido seria minimizada. Você já observou como as
pessoas enxergam o mundo de modo tão singular? Já teve curiosidade em saber como
as pessoas constroem suas visões de mundo? Por que pensam como pensam? São como
são? Já observou isso em você mesmo? A solidão de constatar nossa “inadequação”
ao padrão instituído, ao “ser como todo mundo é”, pode, de um lado, nos
entristecer, nos deprimir. Pode excluir, calar, isolar; pode provocar sofrimento
e estagnação na tentativa de uma pseudo-adequação a um sistema ou opinião
vigentes. De outro lado, pode ser exatamente essa solidão a nos levar a dizer
algo em nosso próprio nome, a suscitar o surgimento de uma novidade radical, a
propiciar um olhar para nosso modo de ser, nossas forças, fragilidades e medos,
e, consequentemente, nos permitir a construção de formas de vida adequadas a
nossas necessidades".
Monica Aiub
São Paulo - SP
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Podemos constatar que a individualidade consiste em uma dimensão
ontológica do ser. Mas como podemos compreender esta individualidade no contexto
da representação, e consequentemente na Clínica Filosófica? É importante notar
que nem sempre uma ontologia do ser aos moldes universais é aceita na clínica.
Nossa proposta não é compreender os indivíduos, mas aquele indivíduo, aquele que
nos procura, que nos solicita. Único, indiviso, compreendê-lo nesta dimensão,
este é o nosso desafio. Ora, conceitualmente, a individualidade demarcada por
Schopenhauer satisfaz plenamente a necessidade metodológica no processo clínico,
a saber: “cada indivíduo requer ser estudado e aprofundado por si mesmo”,. A
individualidade é o caráter especial que cada pessoa possui diferenciando-se das
demais. A pessoa humana é considerada a partir de suas características
particulares, tanto físicas – o corpo – quanto suas manifestações subjetivas. Na
individualidade buscaremos o modo de ser do indivíduo. Como este indivíduo se
comporta mediante os fenômenos de sua consciência? Que representação possui do
mundo que o cerca? Que certeza carrega consigo para assumir esta ou aquela
postura? A partir da escuta da história de vida de seu partilhante, o Filósofo
procura compreender e identificar na malha intelectiva do indivíduo, os pontos
conflitantes que podem causar desconfortos, e em alguns casos ser até
profilático. Esse trabalho é feito a partir de um exame cuidadoso através dos
Exames Categoriais e posterior montagem da Estrutura de Pensamento. É importante
ressaltar que nem sempre teremos conhecimento da natureza de determinadas
representações. Por isso em clínica nem sempre buscar a causa pode significar a
satisfação de resultados.
Rozinaldo Duarte
Salvador - BA
...........................
(sobre a amizade com a
Filosofia)
Fiquei bastante espantado quando ela me
disse que muitos daqueles que se diziam seus amigos nunca haviam olhado em seus
olhos e compreendido que ela era tão humana quanto eles. Por vezes a encontrei
triste. E quando perguntava o motivo de tamanha tristeza ela respondia com os
olhos lacrimosos: “Esqueceram novamente da vida quando escreveram sobre mim”.Certa vez pediu minha ajuda para fazer
uma limpeza em sua casa. Recolhemos livros que nem Deus conseguiria entender.
Guardamos tudo em caixas e mais caixas. Aos poucos aquela casa triste e obscura
foi ganhando tonalidades de vida. Trocamos as cortinas, colocamos flores nos
vasos, compramos livros de poemas... Plantamos um lindo jardim. Estamos a cada dia nos tornando mais
amigos. Ontem mesmo a visitei. Ela estava pensativa. Contou-me que haviam
escrito um novo livro sobre sua vida. Disse-me que tem se sentido velha. Dei
risadas e lhe disse para não se preocupar com isso, pois ela é bem mais nova que
muitos de seus autores...
Flávio Sobreiro
Campinas - SP
........................
Diante da riqueza e diversidade do universo humano, no qual cada pessoa se
constitui, se manifesta, pensa, sente e age de forma singular, trazendo em si
uma história de vida exclusiva e questões únicas a se considerar, tenho para mim
que a Filosofia Clínica é abençoado e poderoso recurso existencial na Terra em
favor do homem. Abordagem terapêutica original, a Filosofia Clínica é uma das
raras propostas de nossa época capaz de permitir tratar e considerar um ser
humano como um ser humano. Conhecê-la é um privilégio que está ao nosso alcance
e vivenciá-la é um verdadeiro exercício de humanismo, pois se constitui numa
chama de progresso, de esperança, de alívio e encaminhamento da frágil e bela
alma humana para a eternidade dos tempos.
Jeferson Ricardo Spode Flores
Cascavel - PR
........................................
No consultório, recebo queixas
de pais que não conseguem encontrar seus filhos. Mas ao dizerem isso, também
afirmam que almoçam juntos, tem um convívio familiar muito bom, os levam ao
colégio e ao médico quando necessário, no entanto, não os encontram
existencialmente, para o desejado diálogo. Na Filosofia Clínica, essa situação
denominamos de espacialidade. Significa como localizar existencialmente uma
pessoa. Historicamente localizamos pelo corpo, vemos o corpo e dizemos que a
pessoa esta naquele lugar, nesse lugar. Às vezes, algumas pessoas, quando querem
localizar uma pessoa, procuram pelo corpo. Segundo o filósofo clínico Lúcio
Packter, "isso usualmente se revela muito pobre, bastante distante da realidade
de algumas pessoas. Encontrar uma pessoa vai muito alem disso!". Talvez,
compreender isso, diminua certos problemas existentes hoje nas relações com os
filhos adolescentes.
Wockton Santos
Cuiaba – MT
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Algumas vezes é necessário sorver o leite emanado da seringueira e da
amapazeira. O leite da seringueira já deixou muito britânico sonhando como
magnata em Liverpol, já construiu o porto de Manaus, o Teatro Amazonas, o
Telegrafo direto com London, o primeiro Bonde elétrico do Brasil, rua calçadas
com pedras importadas, bueiros eficientes, estação de tratamento de águas
servidas que nunca foi inaugurada e que hoje se chama de Teatro Chaminé. Ia
esquecendo, como se pode ter Bonde Elétrico e ruas iluminadas sem eletricidade,
uma novidade da Europa iluminista.
Diria que não só somos anfíbios, mas réptil, um pouco ave e um pouco
mamífero. Quando digo réptil é porque nos arrastamos por entre as arvores da
imensidão de tanto verde cobiçado pelas não-potencias que sonham que um dia isso
será deles. Esta terra é de quem está em cima dela, os que usam e usufruem seus
bens são passageiros, aqui só permanecem as pessoas que sabem respirar debaixo
dágua. Cada uma se sente ave quando sonha sair para o outro mundo virtual jogado
na telinha global.
Henrique Freitas
Manaus - AM
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Ninguém sai ileso de um
relacionamento humano, seja ele familiar, amoroso, profissional, e cada pessoa
possui uma forma singular de ser e de enfrentar cada situação. Isso implica que
a minha forma de me posicionar frente às coisas é apenas uma das muitas formas
possíveis e que nem sempre ela pode ser tomada como modelo para quem quer que
seja.
Everton Corso
Três Palmeiras – RS
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Diante das exposições e
ensinamentos da Filosofia Clínica, somos surpreendidos com questionamentos que
colocam em cheque determinadas verdades, conceitos ou pré-juízos diante do que é
certo ou errado, bom ou ruim, entre outras “verdades absolutas”, gerando choques
fortíssimos para alguns alunos que, sentindo-se confrontados diante dessas suas
verdades, por muitas vezes se fecham ou se frustram prematuramente, em alguns
casos chegando ao ponto de abandonar o estudo, abortando o processo de
compreensão com profundidade da fundamentação da Clínica Filosófica. A
Filosofia Clínica na perspectiva da psicoterapia do indivíduo tem a obrigação de
contribuir com responsabilidade, levando em conta as características e
particularidades que envolvem a pessoa em seu amplo contexto, para que os
resultados sejam desejáveis, sem expor a pessoa a riscos. Tentar ajudar um
indivíduo a partir de verdades pré-estabelecidas, sem compreender o seu mundo,
as suas características e especificidades únicas, é algo que sujeita ao risco de
remeter a entendimentos descontextualizados e com consequências muitas vezes
irreversíveis e irreparáveis no que se refere à clínica.
Idson Alves
Chapecó - SC
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Quem poderá dizer que ela, a
Filosofia Clínica, não tem a sua razão de ser? Eu prefiro ser paciente e
esperar. Prefiro estar ao lado daqueles que não lhe negam tempo para que possa
evidenciar o seu lado humano. Minhas críticas não serão no sentido de condená-la
de imediato, mas de contribuir para que a mesma possa apresentar uma fisionomia
bem delineada e os frutos esperados. Mostre-me do que és capaz, sem pressa!
Antonio Vidal Nunes
Vitória – ES
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Meditava por esses dias sobre
as consequências da ação sob duas hipóteses: quando decidimos, agimos,
escolhemos, em observação a juízos autogênicos, (contextualizados em intenção,
circunstâncias, tempo, espaço, relação – Categorias – Filosofia Clínica), ou
quando a ação ocorre por mecanicidade (George Gurdjieff). Na ação por
“mecanicidade”, os conceitos de “inércia” (física) ou “rebanho” (Nietzsche)
podem ser aplicados, quando propondo e retrucando, o grosso da humanidade
seguiria caoticamente, com noções improvisadas (sombras, fragmentos distorcidos)
de estrutura, representação, fenomenologia, ética, etc. Seria necessário um
melhor uso da linguagem, das ferramentas do pensamento: a otimização dos
recursos da E.P. e dos submodos – um domínio epistemológico completo da própria
estrutura e autogenia, para futurizar.
Cassiano Veronese
Rondonópolis - MT
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Eu me arriscaria a dizer que a
pior de todas as decisões é procurar fora o que de fato está dentro de cada um
de nós. Muito bem. Mas o que é que eu tenho dentro de mim que difere tanto
daquilo que o outro tem dentro dele? O que tenho são os sonhos, os desejos,
assim como as decepções, as frustrações, o vazio, as tristezas, as emoções...
Cada um, em particular, vai sentir as coisas a seu modo. O resto é mero
adjetivo... Não há uma receita pronta para isso. Mesmo que o outro se propusesse
a externar tudo aquilo que ele acha que sabe sobre sua pessoa, ainda assim eu
compreenderia muito pouco sobre ele. O máximo que eu conseguiria, seria uma
reinterpretação de sua representação de mundo! E cada um representa o mundo de
acordo com o que conseguiu estruturar para si... A propósito o ser humano parece
ser um ser para a ascensão.
Ercílio Facanalli
Campinas - SP
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A Filosofia clinica mantém-se
dentro de uma perspectiva ética da alteridade, propondo-se ir ao mundo do outro
que sofre existencialmente para lhe possibilitar o bem estar existencial. Na
própria historicidade do partilhante, pode-se detectar problemas de conduta
ética de ordem existencial ou de formação das estruturas mentais, na infância --
como ocorre no exemplo da criança que não aceita a sua pobreza e cria uma
estrutura subjetiva de que é rico passando a rejeitar a sua realidade e a
fantasiar uma situação irreal de riqueza -- mas os problemas de conduta ética
também e podem ter origem biológica. O que vai mostrar a causa das condutas
éticas observáveis é o conhecimento da história de cada um e por isso os
procedimentos para as conclusões serão diferenciados levando-se em conta as
estruturas de pensamento individualizadas.
Mariluze Ferreira
São João Del Rei -MG
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O grande desafio do terapeuta,
e ai incluindo todas as terapias, talvez não seja a absorção de conteúdos, nem o
labor da formação e nem mesmo os mundos que se fenomenalizam diante de si, na
pessoa do outro. O maior desafio talvez seja ter que conflitar constantemente
seus valores, com os valores que ali se desnudam e ainda assim não
pré-conceituar, não direcionar, não significar... Bem dizia o velho Sartre: “Meu
inferno são os outros”, pois o diferente atua em mim como um fator revelador,
que coloca em questionamento também a minha história, meu ser, meus valores, e
especialmente a minha dificuldade de lidar com a alteridade.
Andrea Vermont - Uberlândia
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O filósofo deve tomar muito
cuidado com as questões que vai enraizar, há histórias que podem realmente
encantar, mas o filosofo nunca pode perder de vista a postura ética e o
procedimento de seu trabalho. Considere que o filosofo esteja enraizando uma
questão que lhe pareça simples, e quanto mais vai aprofundando mais questões vão
aparecendo e percebe-se que há um grande Iceberg escondido. O que vale
considerar aqui, além da existência do Iceberg, é a relevância de se mexer com
ele.
Clailton Oliveira - Sorocaba, São Paulo
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Na Filosofia Clinica a
preocupação não se refere apenas em libertar de doenças, mas principalmente dar
condição ao partilhante de relatar suas dores, se houverem dores, ou
simplesmente partilhar sua representação de mundo em um processo terapêutico que
possa lhe ser salutar e agradável, e caso seja de sua vontade, conviver com seus
males existenciais da forma que melhor lhe convier e, sobretudo com uma melhor
qualidade de vida.
Amiltomério Ferreira de Alcântara
- Rio Verde, Goiás
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A Filosofia Clínica compreende
que o conhecimento, ou a forma de conhecer, baseado unicamente na razão pura,
não pode ser considerado um processo universal, válido para todos. As formas, as
maneiras como ocorre o conhecimento são tão diversas como diversos são os
indivíduos existentes no mundo. Alguns tem a tendência, a facilidade para
conhecer lendo, outros aprendem melhor ouvindo, alguns assimilam melhor
observando outros, há pessoas que aprendem meditando, existem aqueles ainda, que
não dão valor algum aos dados teóricos mas sim à vivencia prática ou emocional
no aprendizado, o inverso também é verdadeiro, e daí por diante.
José Carlos Salerno - Pitangueiras
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Se
pensarmos o cinema em uma de suas características como sendo reprodutora
chegaremos a um modelo suposto do que seja o real. A Caverna de Platão pode ser
vista como uma primeira ideia de representação dos modos de como funciona a
proposta de utilização de filmes no ensino da FC. O que é a parede da caverna
senão uma grande tela onde é projetada a imagem da real figura que passa pela
abertura, onde uma fogueira (luz) fornece a claridade para o que ocorre do lado
de dentro, o que vejo pode ser determinado pelo meu ângulo de visão e a projeção
que faço dentro de minha historicidade.
Márcio José Andrade da Silva - Campinas
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Um encontro onde o próprio
encontro se faz “Pharmakon” e se desdobra em direção ao ser. Através das
diferentes formas de linguagem e modos de ser no mundo faz-se Filosofia Clínica.
Navegando pelos caminhos da alma, adequando-se ( ou não) a singularidades. Às
vezes transformando, outras vezes somente observando, cuidando, mas sempre
escutando profundamente ao outro.
Fernanda Moura - México
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O exercício da Filosofia
Clinica antes de tudo vai nos tornando mais eficientes na ética do existir,
assim quando em contato com a parte teórica ,o método e as ideias vão nos
propiciando uma resignificação para um novo mundo de possibilidades , que irão
desdobrar ao infinito . Estas ferramentas tem uma potencia inesgotável quando
o assunto é respeitar o outro na sua singularidade e é nessa linha que na
pratica o Filosofo Clinico se mune de humanidade para criar um espaço tão único
quanto os múltiplos horizonte que cada partilhante poderá conter em sua
estrutura de pensamento.
Alba Regina Bonotto -
Curitiba
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No silêncio de uma
historicidade e nas expressividades do exercício da clínica aprendo a olhar o
potencial do SER (partilhante) por inteiro, que nos apresenta em pedaços
precisando muitas vezes que somente o escutemos para tornar-se inteiro de
novo...e quando esta história segue o seu curso e vai se completando a cada nova
sessão a esperança, as forças, a alegria, o nascer de novo, a transformação, o
recomeço, o possível e o acreditar se mostram para que tudo se torne às claras,
para a reconstrução de um construir, uma nova história recomeça e eu me vejo
como alguém que apenas mostrou o caminho a ser trilhado. Fico grata pela
oportunidade de conhecer mais um SER HUMANO. Obrigado por me ensinarem o
exercício de me tornar cada vez mais HUMANA.
Valdirene Barbosa Ferreira –
Teresina
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