Querido colega,
Escrevo do aeroporto (para variar, né?).
Pego em alguns minutos um vôo para Criciúma,
onde nesta sexta-feira à noite faço a aula inicial com a nova turma
de formação em Filosofia Clínica na Universidade do Extremo Sul
Catarinense. Lembre que neste sábado, lá mesmo, tem o programa na
Som Maior Premium FM, ao vivo, sobre suicídio. Pode ouvir em seu
computador acessando a página da Filosofia Clínica às 20h00 com um
bom tinto:
WWW.filosofiaclinica.com.br
Bem, depois de uma noite de queijos, vinhos, e
excelente conversa no acolhedor hotel próximo a Guarulhos, no
sábado, véspera de nossa viagem ( e sabendo que poderemos dormir
domingo até tarde, pois o vôo é no princípio do anoitecer. Oba!),
viajaremos direto para Londres e Edinburgh.
Após a chegada ao hotel em Edinburgh,
descansaremos, almoçaremos, e convidarei os colegas para uma
caminhada pela cidade. Se estiver chovendo, caminharemos também e
iremos de ônibus. De qualquer modo, mantenha o romantismo em dia
para combinar com a paisagem. Se tiver em casa um chapéu estilo
Humphrey Bogart, por favor, leve.
A Escócia não rima com pressa, rima com
poesia. Portanto, estaremos sempre no horário independente do que
aconteça.
Na Escócia, você perceberá enquanto estivermos
caminhando, tudo que é novo parece ter um antigo, muito antigo
traço. É peculiar um escocês ficar orgulhoso quando o lembramos
disso. Leia a seguir algumas dicas importantes que escrevi aos
colegas que foram à Grécia há dois anos. Seguem muito atuais para
esta viagem à Escócia. Pode colar na porta da geladeira.
“Deixar a carteira em cima da mesa, lembrar
disso 30 segundos depois e retornar da porta da cantina para nunca
mais encontrar a carteira é algo que pode acontecer em viagem.
Perder o avião pode acontecer. Comer algo perfeitamente recomendável
e ficar de molho dois dias tomando soro... pode acontecer. Emprestar
200 euros para o colega de quarto, que na viagem se tornou seu
irmão, e, dados os vapores idílicos da jornada, achar que os terá de
volta no Brasil, pode acontecer. Em meio a uma visita a um museu
descobrir que todos já foram e então pegar um táxi para voltar
apavorado para o hotel, isso pode acontecer. Brigar com o colega de
quarto porque descobriu que ele é maçom, católico, judeu ou apenas
colega de quarto que ronca ao som dos serrotes, pode acontecer.
E a mala que foi parar em Bangladesh? E a
água quente que foi faltar bem no seu quarto? E as cinco horas que o
avião atrasou e o seu remédio ficou na mala? E a sua amiga que ia
junto, mas desistiu em cima da hora... logo ela que foi quem
convenceu você a viajar...
Minha sugestão é a seguinte, marinheiro velho
de viagens que sou: coração sossegado, mente em paz, alma aberta aos
caminhos da vida. Em viagem é natural que os manuais fiquem apenas
como lembrança vaga do tempo que foi perdido com eles. Quem não se
dá bem com imprevisto talvez ficaria melhor vendo a viagem na
televisão.
Os imprevistos costumam ser parte da viagem, e
às vezes são eles a melhor parte.”
*Por último, e muito importante: esta
música em anexo de James Morrison é linda demais. Coloque-a na luz e
no contexto mágico de Edinburgh, feche os olhos, e sonhe...
Um abraço,
Lúcio
(17 de junho de 2011) |
|