05 de abril de 2010  

Queridos colegas,

Escrevo de Porto Alegre. Iniciou o outono, as temperaturas mudaram. Entre outras coisas, tomar um café no jardim, junto à fonte, bem cedo, somente poderá ser feito lá adiante, após o inverno, início da primavera. Para esta semana teremos noites e amanhecer frios. Hora de abrir os gavetões e retirar aquelas deliciosas roupas macias.

Bem, hoje conversaremos sobre comida. Eis um assunto importante para os povos do deserto e especialmente para o povo judeu. A comida é um assunto sempre na ordem no dia nas tradições judaicas; há muitas histórias e anedotas sobre o assunto.

Uma das primeiras peças da culinária com que teremos contato em Israel é o falafel. Equivale ao nosso sanduíche. Basicamente, pão sírio com pasta de grão de bico e de gergelim, salada, e aqueles bolinhos de grão de bico, fritos. Tem por toda a parte. Os israelitas costumam comer bem. Do café da manhã ao jantar, há cinco momentos de alimentação e isso não inclui beliscar algo antes de dormir – que também é parte da rotina.

Muitos estabelecimentos são kosher. Vale o esforço ler alguma coisa sobre  o assunto.  A partir de preceitos originados da Bíblia, determinados alimentos são tidos como permitidos. Desde a maneira como o animal será morto, a inspeção, tudo é cuidadosamente diferenciado. A carne virá de ruminantes; se se tratar de aves, nada de se alimentar daquelas que caçam e matam. Os peixes devem ter escamas, barbatana. Ninguém, portanto, comerá mariscos. O que não se pode comer é dito impuro e isso inclui produtos como o leite destes animais. Outra coisa essencial: é proibido usar comida feita de sangue. Quando um animal é abatido, cuidam logo de retirar o sangue. Mas, em tudo isso, o mais importante são os elementos éticos. Piedade, gratidão, zelo por aqueles que nos cedem seus tecidos, suas carnes. São criaturas de Deus.

Bem, o café da manhã israelita é famoso. Pródigo, magnânimo, traz desde saladas até peixe defumado. Pães, frutas, queijos, panquecas com molho de chocolate. Que café!

Aliás, Israel possui cafeterias e os israelitas apreciam muito um café. Em geral “espresso”, cappuccino, café Turki.

As saladas são o acompanhamento das refeições e todas, pelo que me lembro, têm tomate, cebola, pepino, azeite de oliva.

Uma coisa que se descobre em Israel é a delícia dos queijos e dos vinhos tintos. Podem anotar isso. Teremos muitas conversas regadas a tintos excelentes.

Por toda a costa do Mediterrâneo encontraremos também ótimas casas que preparam peixes.

Um abraço,

Lúcio

 

 

carta 8

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