01 de fevereiro de 2010  

Queridos colegas, 

Durante os próximos meses, enquanto viajo trabalhando por várias cidades, por vários países, escreverei cartas semanais para vocês. Nestas cartas tratarei da história de Israel, das epopeias dos povos do deserto, de questões da alma e de assuntos tribais; contarei um pouco daquilo que compreendo e juntos investigaremos mistérios milenares. 

Escreverei também sobre como é Israel hoje, os hábitos, as peculiaridades da região, as pequenas intimidades. Falaremos de elementos práticos como fazer um telefonema, o custo de um táxi, onde aceitam um cartão Visa e onde nem sabem o que isso é, até aspectos complexos ligados à vida dos profetas. 

Tenho feito leituras de atualização, tenho conversado com pessoas de Israel, tenho meditado sobre uma série de vivências que provavelmente encontraremos em nossa jornada e que tocarão nossas vidas. Tenho refletido sobre as conversações que faremos relacionando Filosofia, História, Fé, Filosofia Clínica.

Retornar a Israel, tantos anos depois é algo que fazia parte da minha caminhada. Retornar aos lugares por onde estive com os meus colegas e alunos é algo que me emociona. Partilhar lugares, memórias, lágrimas e brisa, vida, com vocês, é uma experiência de poesia, de Filosofia.

Há muito a lhes passar sobre a nossa jornada e o maior dilema é selecionar o que é mais relevante; Israel é uma terra na qual as relevâncias destoam das proporções, na qual um pequeno lago se sobressai a um deserto inteiro. Em um jarro de terracota achamos lições de água, de vinho, de transmutação, enquanto montanhas inteiras nos oferecem somente solidificações de magma. Israel encontra-se nas essências, e bem pouco nas quantidades.

Hoje, 1 de fevereiro, escrevo a vocês uma apresentação de nossa jornada. Escrevo de Porto Alegre. Ontem, domingo, terminou o Fórum Social Mundial na cidade. As ruas, as aleias, os bulevares estavam vazios. Como nesta terça-feira temos feriado municipal, uma parcela imensa do povo desapareceu em direção à região da campanha, da serra, mas, sobretudo, do litoral. Convidei minha mulher para caminhar por aldeia e povoados ao longo do Guaíba. Em nosso domingo, caminhamos, conversamos, fomos a uma feira, dividimos uma saborosa cerveja de Campos do Jordão e fiz muitas fotos com a minha velha máquina que retornou do conserto.

Enquanto caminhávamos para uma acolhedora igreja, ao entardecer, houve um momento em que pensei que começaria a escrever as cartas semanais sobre Israel. Cartas sobre amor, história, Filosofia, vida. Olhei para o campanário e uma impressão de suavidade me acarinhou o coração, pois notei que escreveria sobre o que já estava vivendo. Parte da essência da qual falei...

Um afetuoso abraço,

Lúcio

 

carta 2

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