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14 de junho de 2010 Queridos colegas, Escrevo enquanto viajo pelo centro oeste, por estas campinas que parecem não ter um início, não ter direção, não ter tamanho. Não importa o que aconteça, e geralmente não acontece nada, elas seguem indefinidamente em todas as direções. Bem, parece que Israel, mais uma vez, é o tema no mundo inteiro e desta vez por um motivo infeliz. Comentarei o episódio em outro momento, quando falarmos sobre alteridade. Estou lendo Israel em Abril, de Érico Veríssimo, reeditado pela Companhia das Letras. Lendo não é uma palavra exata, pois estou fazendo bem além disso. Estou praticamente viajando com ele por Israel. O Érico Veríssimo, escritor, é pai do Luís Fernando Veríssimo. Somente assim para identificar porque os estilos são muito diferentes. Érico Veríssimo esteve em Israel nos anos 60, viajou pelo país, e escreveu este livro. Que livro! Ele se encanta com as flores, os povos, as tradições, mergulha na história, traça relações com os aspectos pequeninos do cotidiano. Veríssimo foi à Israel com a mulher, Mafalda, esteve com amigos, foi a universidades. Tece reflexões sobre o que encontra, sobre um país que é uma enciclopédia existencial. Vale encomendar o livro e ler. Recomendo. Mas não iremos a Israel em abril, iremos em novembro. Os colegas me perguntam sobre a mala, o que levar na bagagem, o que selecionar. Ora, é muito parecido com a viagem que fizemos para a Grécia. Dois pares de calçados bem confortáveis (confortável é algo com que você pode caminhar dois quilômetros sem passar depois o resto do dia gemendo); duas blusas de final de outono; três calças; camisetas de algodão; e aquelas miudezas de uso pessoal. Lembre que em uma viagem assim uma malinha de 12 quilos é o suficiente. Deixe o armário em casa. Se toma medicação, leve o remédio e a receita juntos. Evite todo o tipo de vidrinhos e cremes desnecessários que costumam abrir dentro da mala e empaçocar tudo. Esses miúdos devem ser empacotados em saquinhos e envoltos em fita. Qualquer coisa que tenha ponta e rasgue, como canivetes, estiletes e mau humor não devem embarcar com você. Deixar um lugar na mala para quinquilharias é uma boa ideia. Em cada lugar sempre existem pecinhas artesanais que a gente geralmente não precisa e não resiste. Jóias e penduricalhos, em um país como Israel? Deixe em casa, ok? O pessoal se veste de modo informal em Israel e nos lugares sagrados o informal significa que do tornozelo ao pescoço não se deve esquecer de cobrir as partes. Meninas com barriguinha bonita só vão usar este direito na volta. Se bem que nos grandes centros urbanos a barriguinha pode. Neutralidade nas roupas é algo recomendável em viagens. Mas neutralidade não é apenas usar cinza e marrom, é muito também uma atitude. Faz parte da indumentária ser discreto nos comentários em lugares propícios a isso. Na mala é conveniente colocar um pom pom ou algum adereço colorido que identifique que ela é sua. Hoje as malas estão muito parecidas. A mala deve ser forte, leve; é ter muitos pingos de juízo não comprar malas em camelôs para viagens transoceânicas. Incomodar-se com um fecho vagabundo lá no fim do mundo é realmente o fim. Mala boa é cara, não tem jeito. Em resumo, minha indicação é que leve poucas roupas, poucos sapatos, e que escolha o que é mais confortável. Aquelas coisas com babado, saltos, coisinhas soltas com preguinhas que encalham em tudo... deixe, está bem? Levo cerca de vinte minutos para fazer a minha mala; marinheiro antigo, sei que parte da felicidade em viagens tem a ver com isso. Entre levar mais e levar menos, prefira o menos. Um abraço, Lúcio
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