13 de setembro de 2010

Querido colega,

Escrevo de Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

Bem, falemos sobre Israel. Enquanto estivermos em aldeamentos, pomares, mares, cidades, em meio a conversas nas quais vão querer saber desde o pão ázimo até as ruínas de Cesárea que somem contra as dunas e areais, encontraremos entre os vinhedos nos arredores dos outeiros, um lenço azul contra uma parede de pedras, bosques de oliveiras, ourives, cesteiros, ferreiros, prateiros, bordadores, personagens que a imaginação dizia existir e que encontramos nas cidades do deserto, encontraremos as rotas da antiguidade quando soprar um hamsin, vento do deserto, seco e quente em meio a tudo isso.

Existindo a possibilidade de ouvir as histórias de sefartidas, asquenazes, iemenitas, russos, teremos acesso a contos que somente não duvidaremos da fidedignidade quanto à veracidade por causa dos livros de história. Ainda assim, há histórias que parecem ter saído diretamente dos filmes de aventuras e dramas dos anos 40 e 50, como a epopeia dos “navios sem porto”, a Guerra dos Seis Dias, os tanques egípcios no deserto ao sul de Israel.

É usual que se necessite de um tempo para que se possa apreender com a emoção apropriada estas histórias. Mas temos um forte elemento a nosso favor: uma viagem a um país como Israel geralmente inicia muito antes da chegada ao Mediterrâneo e às vezes, pelas recordações que povoarão a alma, não terminará mais.

Durante a aula aqui em Campo Grande, que acabou há pouco, eu mostrei para alguns colegas que vão à Israel (Clenice, Isabelle, Joice e Rodrigo) a minha mochila (backpack). Mostrei que ela e a máquina fotográfica constituem a minha bagagem; todo o restante encontraremos em Israel. E além disso, aquelas vistorias seguidas que fazem lá são uma chatice. Cada bolsinha, cada saquinho é visto. Então, que minha bagagem me aproxime de Israel, ok?

Um abraço,

Lúcio

 

carta 22

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