21 de setembro de 2010

Querido colega,

Escrevo de São João Del Rei, cidade histórica de Minas Gerais.

Uma linda cidade, com muitas e belas igrejas. Enquanto visitávamos alguns desses templos, lembrei-me que em Israel acontece o Yom Kippur e que o país deve estar deserto. É improvável que em um país como o nosso se tenha uma ideia do Dia do Perdão em Israel.

Você sabe aqueles filmes que mostram o fim do mundo? Nenhum carro na rua, os semáforos piscando para o nada, escolas e atividades gerais paradas, nada se mexe, nada acontece. Mas nada acontece quanto ao modo usual das coisas, pois a vida da fé está viva e é intensa. Milhões de judeus jejuam, evitam cremes sobre o corpo, evitam sapatos de couro, qualquer atividade como alimentação; nem mesmo água. Provavelmente é o dia mais sagrado no judaísmo. As sinagogas lotam para orações e rezas intermináveis durante as 25 horas de jejum.

Podemos considerar isso inédito porque no Brasil um feriado religioso é a chance de ir à praia, de churrasco, de viagens; uma pesquisa sobre o assunto facilmente mostraria que a maioria mal sabe o que está acontecendo. Sabe que é feriado.

Isso é muito diferente em Israel. Se alguém ligar um rádio ouvirá apenas silêncio; se procurar a televisão, achará ausência de sinal ao mudar os canais. Além disso, as entradas e saídas do país são fechadas. Ninguém entra ou saí por terra, ar, mar, somente pela sinagogas.

Visitantes que queiram o refúgio da Internet podem ficar desapontados com os sites locais. A maioria dos sites cessa o movimento.

Um abraço,

Lúcio

 

carta 24

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