27 de setembro de 2010

Querido colega,

Neste momento Israel inteira se volta a uma das mais fundamentais festas: o Sucot, festa das tendas. Há inúmeras passagens na Bíblia que fazem referência às tendas, às peregrinações. O povo de Israel se alegra, se emociona, agradece, se une mais uma vez a Deus. O historiador Flavius Josephus escreveu sobre o encanto que o povo sentiu ao chegar a Israel, após as intempéries do deserto, ao encontrar os frutos da terra. O Sucot é uma lembrança e uma reflexão sobre os momentos difíceis e os momentos bons, um modo de compreender a vida a partir de suas mudanças. Em vários lugares do mundo famílias israelitas constroem cabanas cobertas com folhagens, dentro de casa, para as crianças poderem participar da comemoração como crianças. Bela lição.

 Quando andarmos por tendas nas feiras árabes ou em bancas de mercados em Tel Aviv você se deparará com peras e ameixas, nossas conhecidas, mas também com toronjas e abricós. As ruas ladeadas de cedros, oleandros, mais adiante os ciprestes. Israel possui uma grande variação de vidas vegetais; veremos arbustos que sobem por cercas vivas, as murtas. A madeira clara e macia do álamo; o aroma peculiar da erva aromática do nardo; os enfeites com as casuarinas; o bálsamo perfumado do benjoeiro; as folhas cheias de espinhos do cardo. Israel é a terra daquelas espécies exóticas que encontramos nos livros, nos filmes de época: tâmaras, romã, mirra, avelã, gergelim, alfazema; substâncias como a resina do terebinto, aquela arvoreta chamada loureiro, e tanto mais... Muito foi trazido, muito já havia. O que quero colocar com isso é o que um povo que marchava pelos desertos pode ter vivenciado ao se deparar com este oásis, com esta Terra Prometida. É uma forma de traduzir para a nossa cultura parte do significado do Sucot.

 Um abraço,

 Lúcio

 

carta 26

retorno ao índice de cartas