02 de outubro de 2010

Querido colega,

Quem visita um país logo se depara com listas de lugares que não se pode deixar de visitar. Mas, aqui entre nós, será que faz realmente alguma falta ir ao Rio de Janeiro e não conhecer o Corcovado? Às vezes o Corcovado distrai o viajante de coisas que o Corcovado quer significar, mas que por sua dramaticidade como ponto de visitação deixou a perder, ou seja parte deste significado se foi com a perfumaria. E é assim que encontramos mais do Corcovado pela areias do Leblon do que no próprio morro em forma de torre, às vezes. Aprendi isso quando morei durante um ano naquela cidade, enquanto meu pai trabalhava no Hospital dos Servidores. Mas sei de pessoas que aprenderam outras lições.

A lista de obviedades diz que devemos ir a Massada, à Igreja do Santo Sepulcro, ao Domo da Pedra e a uma dezena de outros lugares em Israel. Iremos, de fato, mas por razões outras. Nosso intuito é uma conversação com os textos sagrados, com a história, a Filosofia, tendo como elemento desta escritura a Filosofia Clínica.

Entrar em um tabuleiro de um druso e ouvir um pouco de sua vida desde o Líbano pode trazer mais vivências do que um dia inteiro em um acampamento no deserto.

A começar pela geografia, pois mais uma vez Israel é um território raro no mundo: localiza-se onde a Ásia encontra a África, pelo istmo de Suez, hoje atravessado por um canal artificial, e já a partir do mar Mediterrâneo chegamos à Europa, Israel nos pode ensinar muito a partir das mais pequenas experiências; eis aqui uma consideração que tenho como importante. Exemplo: a maneira como uma pessoa se aproxima do Muro das Lamentações é parte do resto do templo e uma coisa somente tem relevância pelo que a outra lhe agrega.

Um abraço,

Lúcio

 

carta 27

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