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11 de outubro de 2010 Querido colega, Escrevo de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Houve um problema de agenda, as consultas não aconteceram, e assim disponho de um tempinho para escrever. Hoje tenho aulas, clínicas, um Café Filosófico Clínico na Livraria Paulus e, depois, mais viagem, claro. Para os judeus, o sábado (Shabbat) é um dia santificado. É o sétimo dia da semana. É mais um dia a ser observado por um povo que possui recorde de dias santos e feriados. Curiosa esta mescla de maior número de feriados religiosos no mundo ao lado de muitíssimo trabalho em todos os outros dias. A semana em Israel termina na sexta-feira assim que o sol de põe. Os dias lá são contados de um anoitecer até o anoitecer seguinte. Por isso, quinta-feira à noite é um dia de badalação, uma vez que sexta-feira à noite já estamos em observação religiosa que culminará no Shabbat. Como no sétimo dia Deus descansou, e isso se diz em Hebraico como sendo Shabbat, em respeito os homens, os bichos, as coisas do céu, da terra, do mar, as coisas da criação devem se acalmar. Aliás, de onde você imagina que vem a nossa noção de semana? De onde vem a ideia de circularidade e renovação do tempo, retorno, recomeço, outra vez? Mais tarde, os cristãos tomaram por domingo o que é o sábado para os judeus. Chegaremos a Tel Aviv em um sábado, 01h00 da manhã, se não me engano. Para você ter uma ideia, é como se um grupo de filósofos chegasse ao Brasil em pleno domingo, mas em um domingo que fosse também um feriado religioso. Em Israel significa que já teremos acesso a uma experiência de paz logo à chegada. Os mais religiosos evitam viajar e alguns nem mesmo mexem com luz, com telefonemas, e trabalho está fora de cogitação. A maioria de ônibus, trens, repartições públicas pelo país serenamente silencia. As sinagogas recebem muitas pessoas e elas permanecem em oração por horas. Ainda que seja um problema encontrar os lugares abertos no sábado, chegaremos a uma das cidades mais modernas do mundo: Tel Aviv. Uma cidade que possui uma vida ocidental que respeita seu lado israelita, mas que está aberta ao Ocidente; por isso, parecerá realmente como um dos nossos domingos. Um abraço, Lúcio
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