16 de outubro de 2010

Querido colega,

Escrevo de Fortaleza. Hoje trataremos do tema velocidades. Ontem à noite fui ao Café Filosófico no SESC, centro da cidade, junto ao belíssimo Teatro José de Alencar. Para um pequeno auditório lotado falei sobre aspectos da Historicidade. Pela manhã, após um desjejum, fui caminhar pela praia de Iracema até o Mucuripe e suas velas de jangadas içadas ao sol.

O coração suave, a mente em paz, a brisa arrumando as folhas nos coqueiros, o mar compassado e sereno. Em uma pequena enseada da qual se tem a visão da orla e o perfume do oceano parei em uma murada.

Esta é a minha orientação para os colegas que vão à Israel em algumas semanas. Arrume, conforme aprendeu em Filosofia Clínica, as velocidades dentro de você. Isso é, na maior parte das vezes, simples e requer apenas conhecimentos básicos de si mesmo, dos submodos. O que quero dizer é que se fôssemos a Dublin, Irlanda, fazer o circuito dos PUBs à pé, caminhando pela cidade, curtindo em cada PUB um piano, um malte diferente, uma conversa sobre poesia, as velocidades internas seriam outras.

Israel pede calma, paz na alma, o olhar profundo e suave, todas as coisas distante da ansiedade, todas as coisas próximas de como Cristo caminhava pelo Jordão, pelas orlas macias do mar da Galiléia. A terra dos profetas, a região provavelmente mais sagrada do planeta, é uma chance de ajustar elementos em discórdia dentro de nós.

Conhecendo os colegas, oriento no sentido de iniciarem a desaceleração. Por favor, procurem entrar nos próximos dias em uma cadência mais lenta, em uma frequência existencial mais branda. O padrão usual brasileiro vai alguns decibéis acima do ritmo israelense.

Os meninos de nossa equipe técnica colocarão on line  as músicas de nossa viagem. Vocês poderão baixar e ouvir. As músicas já nos colocam em tal sintonia.

Um abraço,

Lúcio

 

carta 31

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