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09 de março de 2010 Queridos colegas, Escrevo de Manaus. Sigo viagem para Salvador, onde trabalharei com colegas de várias cidades: Ilhéus, Seabra, Salvador. Bem, alguns de vocês perguntaram como são os israelenses. E eu imediatamente pensei na dificuldade de uma resposta. Primeiro devemos considerar a forte imigração a partir de 1880. Existem em Israel judeus negros da Etiópia, bahais que são de ascendência persa, armênios, palestinos, russos etc. Para se ter uma ideia da diversidade, há jornais locais publicados até em búlgaro e húngaro. É provável que encontremos em Israel a maior diversidade de pessoas, em relação a qualquer outra nação do mundo. Um exemplo desta problemática: se considerarmos os árabes que vivem em Israel (praticamente todos eles nos arredores de Jerusalém e Haifa, Nazaré e Galiléia), logo chegaremos aos beduínos nômades do deserto, distribuídos em muitas seitas; chegaremos aos circassianos, muçulmanos sunitas vindos do Cáucaso russo. Temos também os drusos, de origem islamita. Temos árabes cristãos, católicos gregos, etc. Mas podemos tentar compreender este universo a partir da base: judeus, cristãos, muçulmanos e drusos. Uma tentativa, claro. A maioria da população, pouco mais de 75%, é constituída de judeus. De um modo amplo, sem ser regra, os israelenses parecem ser pouco resignados com as coisas, passam a impressão de uma pequena paciência com o modo geral das coisas, costumam ser sinceros e diretos, podendo causar ao visitante uma sensação de aspereza. Sutileza não é uma qualidade neste povo do deserto. Inteligentes, agudos, apreciadores das sentenças breves e contundentes, os israelenses, provavelmente por conta de uma história difícil, complicada, aprenderam o ofício das coisas diretas. Quando esta recepção inicial que parece pouco amistosa cai, estamos diante então de pessoas fiéis, acolhedoras. A religiosidade é uma constante, mas apenas uma parcela pequena de fato segue a religião judaica. Visitaremos um povo de coragem, trabalhador, um povo que já viveu tragédias e dias pelos quais nunca tivemos a menor notícia. Estou ciente de que este meu retrato é imperfeito e em diversos casos ele é distante do que encontraremos, pois os contrastes naquele país são muito grandes. Ao sair em uma cantina e tomar um café, e os israelenses têm um profundo gosto por suas cafeterias, encontramos facilmente pessoas que com um sorriso profundo, que acolhe sem revelar, como ocorre muito nos povos do deserto, conquistam a nossa simpatia. O que é evidente é a diferença com relação ao modo brasileiro de ser. Duas escolas com pouquíssimos pontos em comum. Um abraço, Lúcio
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